10 maio 2018

Brasil em Transe: aniquilamento

10/05/2018


em pleno aniquilamento de um mundo iniciado com a derrota consentida nas Eleições de 1989, completa-se um longo percurso na espiral, agora se fechando com a capitulação na luta contra o Golpeachment.

mais uma vez volta-se a uma perigosa encruzilhada.

em 1989 a opção pelo não enfrentamento, tomada na reta final da campanha, na última semana do segundo turno, levou a conivência com uma fraude eleitoral, materializada então como marco inaugural deste mundo agora em condição terminal.

do mesmo modo, mais uma vez a opção pelo não enfrentamento, tomada com a entrega voluntária de Lula à PF no Sindicato de Metalúrgicos em S. Bernardo, em 2018, torna-se a lápide desta tortuosa viagem redonda encerrando uma era.

do consentimento à rendição. da conciliação à capitulação. da derrota ao fracasso. da perda à melancolia. da depressão ao aniquilamento.

em quase 30 anos, a monótona repetição das mesmas escolhas, conduzindo às mesmas consequências previsíveis e anunciadas.

desde 1930, de um total de 25 Presidentes da República, dos apenas 8 eleitos por voto direto só 5 conseguiram completar seus mandatos.

a partir da posse de Lula de 2003, transcorreram-se 13 longos anos para se preparar o enfrentamento com mais um golpe, declaradamente previsível e anunciado com a taxativa conclamação de Carlos Lacerda em 1950:

- "Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar".

sempre em busca de uma impossível conciliação permanente, foi também em função da estratégia do não enfrentamento que foi gerada a ilusão de tentar superar o Golpeachment através das Eleições de 2018.

enquanto o Brasil era implodido pelo Golpe de 2016, não restando pedra sobre pedra de sua soberania, a Ex-querda marchava confiante em direção a um ano longe demais, mesmo com as Eleições de 2018 se anunciando tão improváveis quanto certamente viciadas.

com a prisão de Lula, o Lulismo novamente age como se houvesse sido pego de surpresa, muito embora o encarceramento fosse prioridade do golpe já em sua concepção.

agora nada mais restou a não ser o giro em falso numa encruzilhada, frente a qual a escolha já foi tomada muito tempo atrás.

um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode detê-lo: um enfrentamento fundado num amplo e capilarizado movimento de massas.

apesar de todas as evidências dos fatos e de todas as lições da História, as palavras de ordens do Lulismo são como folhas secas empurradas ao ermo pelo vento implacável de seu outono.

eleição sem Lula é fraude. então, nem eleições e ainda por cima se terá a fraude. com o estado de exceção como bônus.

ou Lula ou nada. então, nem Lula e ainda por cima se terá o nada. com o caos como brinde.

escutem estes imensos gemidos, são o débil estrondo do Lulismo ruindo por suas próprias contradições internas. é assim que tudo se aniquila.

"todos nós devemos preparar um lugar para nos abrigar das tragédias que sabemos serem inevitáveis. porém, este é um recurso do qual pouca gente faz uso."
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