18/02/2017
fotos: Jornalistas Livres
aquela era uma estranha contagem regressiva. quanto mais chegava
ao seu término, mais distante ficava de seu destino. 2018 é para sempre
um ano longe demais.
não haverá retorno ao paraíso perdido do big-bang das
commodities. nenhum regresso à ilusão dos anos dourados do “político
mais popular da Terra”. adeus à qualquer reedição da estratégia de
conciliação permanente para viabilizar um projeto de hegemonia às avessas.
já não pode existir uma coexistência pacífica na qual a minoria mantém
seus privilégios ultrajantes e seus lucros exorbitantes, enquanto se tenta
mitigar a vergonhosa miséria
da maioria através de políticas sociais compensatórias.
numa economia mundial mais uma vez à beira de um novo
colapso, desta vez provocado pela crise da dívida
privada na China, desapareceram as mínimas condições para num país acorrentado ao modelo
liberal-periférico, como mero
exportador de matéria-prima, se implementar programas sociais redistributivos.
com a mudança climática se agravando em todo o planeta, no Brasil a ponta
deste iceberg é a crise hídrica, enquanto em sua profundidade submersa se
propaga uma epidemia de distúrbios do sono.
por toda parte as chamas crepitam. mesmo abafadas pelo lockout da MídiaGlobal. mesmo repudiadas por uma proposta
não de superação do golpe, e sim do congelamento da oposição a ele. como
se fosse possível reduzir o brilhante calor da luta ao desolador inverno de uma
resignada pax social fundada na capitulação e no fatalismo.
o verão chegou. as grandes labaredas
do incêndio nacional se alastram, sem que ninguém mais possa reservar para si
tanto o desejo quanto a capacidade de ateá-las. queremos incendiar o país, somos nós, o Povo sem Medo, os únicos que podem
fazê-lo. Dracarys.
a representação política faliu. as instituições estão em coma. a economia
se desintegra. o tecido social se decompõe. com o véu constituinte em
farrapos, Executivo, Legislativo,
Judiciário e MP estão despidos de qualquer poder emanado do povo, e se alinham a
serviço de um único poder: o econômico. o poder do grande capital
financeirizado e internacionalizado.
por um lado, uma Direita sem qualquer pudor em exibir a brutalidade de
sua face colonial e escravagista. não lhe basta condenar o Brasil à pena
perpétua como produtor de commodities, com seu povo submetido à precarização
estrutural do trabalho e completa extirpação da cidadania. é preciso ir além: a alienação do
próprio território nacional.
do outro lado uma Ex-querda pelega e perdida. sempre pautada pelo
calendário eleitoral, orientada à pesquisas de intenção de voto e movida pelo
sonho impossível de através da conciliação de classes promover a redenção dos
trabalhadores.
e nós no meio desse nó. um nó que nenhum dos gestores de BrazilPar conseguirá desatar. nós que nenhuma facção da guerra de famiglias poderá cooptar. nós que não estão presos a nenhum
limite, pois se há limites insuperáveis, não deve haver limite no desejo de
superá-los.
se o tigre parar,
as presas possantes do elefante irão transpassar. mas o tigre jamais vai parar e o elefante de
hemorragia e exaustão morrerá.
a lumpenburguesia brasileira forjou as condições inéditas para o
impensável. tudo sob o céu está
mergulhado no caos. já não haverá nenhuma retomada da economia, muito
menos reconstrução do Brasil, a não ser pela aplicações das duras, necessárias
e inadiáveis “medidas populares”. o grande capital
pagará a conta de uma crise gerada por ele e só a ele beneficiando.
o setor dominante nunca será capaz de solucionar a crise. ele é a crise. se
a crise da luta contra o golpeachment
é a crise de nossas velhas e moribundas lideranças, diversas novas lideranças
nascem em cada ato e manifestação. há inúmeras outras lideranças pululando nas
lutas das ruas e das ocupações, rompendo as couraças da repressão e do
conformismo.
tanto no mundo quanto no Brasil precisamos de um novo Breton
Woods. estamos todos entre Roosevelt ou Hitler x Stálin.
neste cenário, corremos o alto risco de entrar em cena um Trump
tupiniquim. mas nenhum grotesco Capitão
Bolsonaro se encaixa no perfil. menos ainda o multi-show paulistano de João
Dória. tampouco Mouros, Jobims e assemelhados. nem mesmo alguém saído do fundamentalismo
neo-pentecostal.
mas pode até ser um general preparado, ponderado, inteligente, bem
assessorado, carismático e articulado internacionalmente às demais lideranças do
BRICS. um novo Geisel, mas além da bandeira nacional-desenvolvimentista, com um
forte apelo popular.
há uma guerra de
mundos. nesta guerra mundial híbrida em curso, a batalha do Brasil ganhou dimensões
épicas. o Brasil é um dos pilares fundamentais, para num mundo multipolar se evitar o armagedon
nuclear e reerguer a economia global do abismo da crise de 2008.
de um jeito ou de outro, por bem ou por mal, mais cedo ou um pouco mais
tarde, assim como nos EUA o pântano precisa ser drenado, no Brasil não sairemos
do mesmo lugar sem dragar este atoleiro.
nós precisamos cortar estes nós. se
não o fizermos, ninguém mais será capaz de fazê-lo. pois a construção da Nação é concomitante ao parto de seu Povo.
1. anular o impeachment;
2. punir os responsáveis pelo golpe;
3. revogar todos os atos e contratos do governo usurpador.
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