15 outubro 2016

guerra de mundos: outros mundos são possíveis

15/10/2016


quantas estradas devemos percorrer, até conseguirmos nos encontrarmos com nós mesmos?

quantas mortes ainda acontecerão, até compreendermos ter sido apenas a nossa própria morte repetida muitas vezes?


incapaz de realizar a autópsia do Lulismo, o PT perambula no interior do labirinto que ergueu ao seu próprio redor. sua autocrítica se limita a reconhecer-se vítima de um “problema de comunicação”.

de fato, um problema de comunicação consigo mesmo, demonstrado na absoluta negação de assumir seus erros; um problema de comunicação com a mídia golpista, como se esta fosse trair a plutocracia colonial e escravagista, da qual faz parte, para se abraçar com um projeto popular.

foi quando abandonou as ruas, por acreditar não mais precisar caminhar por elas, que o PT passou a integrar o acervo do museu das grandes novidades da política brasileira.

precocemente senil, o PT se recusa a rejuvenescer. um partido dirigido por anciões paulistanos, incapaz de compreender a falência do modelo unipolar, no qual já não cabe a complexidade do tecido social de uma humanidade hiper conectada.

a guerra de mundos provoca uma crise global de hegemonia. no planeta, USA Incorporation; no Brasil, São Paulo Ltda.; na Esquerda brasileira, o PT quatrocentão.

o grande desafio democrático a ser enfrentado é estabelecer uma multipolaridade a partir de relações multilaterais. caso contrário, o mundo unipolar, com sua guerra de um contra todos os demais, se esfacelará numa guerra de todos contra todos.

apesar de todos os links da autodenominada sociedade humana, nela os indivíduos estão separados, isolados, alienados, desconectados. uns dos outros e de si mesmos. enquanto numa comunidade os seres permanecem conectados, através de relações resilientes a todas as investidas de separação.

organizar-se nunca quis dizer filiar-se numa mesma orga­nização, participar da mesma associação, pertencer ao mesmo partido. organizar-se é agir coletivamente segundo uma percepção compartilhada, seja a que nível for.

as autênticas formas de organização são próprias da vida. portanto, sempre estão em movimento. é nelas que devemos nos inspirar. principalmente para as formas de organização política. para que a militância política não mais esteja separada de um jeito de viver.

não se trata, contudo, de massificar a “profissionalização” da militância, mas de compreender que a política não está separada da vida. portanto, militar é viver.

juntos então compreenderemos que ninguém muda o mundo, ninguém muda ninguém, ninguém sequer muda a si mesmo. mas as pessoas se transformam entre si através das experiências de vida que são capazes de gerar e compartilhar intensamente. e isto transforma o mundo.

alguns dizem que a Esquerda sofreu uma derrota humilhante nas eleições municipais de 2016. ao que contrapomos: sim! mas qual Esquerda? aquela que desde muito abdicara de sua identidade.

qual a maior vitória de uma campanha política? a resposta vem vindo no vento. no vento soprado do Rio de Janeiro.

a crise da Democracia brasileira é uma crise de identidade. numa encruzilhada do destino, o que decidimos: perder votos ou perder o sentido de nossas vidas? esta é a questão.

era prá ser... mas não foi. agora vai ser desse jeito. vai ser dizendo a verdade, sem aliança vendida em troca de tempo de televisão. vai ser desse jeito. na rua, na praça, na rede, na raça. é possível!

não importa o resultado da eleição. com a campanha de Marcelo Freixo o novo rumo para a Esquerda brasileira já está aberto.

nesta guerra de mundos, outros mundos são possíveis.


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