10/10/2016
o Brasil não passa por uma crise,
estamos em guerra. o Capitalismo não está em crise, a crise se tornou
um modo de governar. se a guerra é o
hardware no qual se processa atualmente o Capitalismo, a crise é agora a continuidade da guerra por outros meios.
estamos numa guerra concebida para ser infinita. seja como guerra ao
terror, como guerra às drogas ou mesmo como guerra à corrupção. são as muitas
guerras travadas no âmbito da grande guerra dos 1% contra os demais.
uma guerra fazendo de populações inteiras refugiados ainda dentro daquele
mesmo território ao qual anteriormente denominavam de “pátria”.
é esta crise e esta guerra que padecemos agora no Brasil.
não haverá nenhum retorno delas. não há nenhum saída delas. vivemos agora todos
no exílio. um exílio do qual já não há nenhum lugar para nos abrigar, e muito
menos para voltar.
de nada adiantará nossas bocas
procurarem por alguma “Canção do Exílio”. como era mesmo a “Canção do
Exílio”?
uma guerra travada contra todos os que não se submeterem
incondicionalmente ao projeto interno de “São
Paulo Ltda.”, a serviço do modelo global de “USA Incorporation”, executado no Brasil pela força-tarefa da “Lava Jato & Associados”.
(e ainda mais uma vez de nada adiantará
explicar aos naturais de São Paulo: uma insistente e arrogante identificação
com a casta governante sediada na capital do estado, apenas confirma a cega
submissão a um projeto inimigo de seus interesses).
esta guerra planetária da Tirania Financeira global contra o mundo, nos
coloca numa encruzilhada e diante de dois portais de entrada: ou o Estado de
Exceção permanente, ou um processo de reconstrução radical da Democracia.
com todas as máscaras no chão, e todas as faces reveladas pela guerra,
enfim nos damos conta que o inimigo sempre esteve por toda a parte. inclusive
no âmago de cada um de nós. na própria constituição de nossa subjetividade, não
apenas por nossos valores, mas principalmente por nossos desejos.
é nesta encruzilhada que tentam novamente nos reedipianizar. o desejo
como falta. a castração. o controle. cabe a cada um de nós encontrar um outro
rumo: o desejo como excesso. a conexão. a vida como contínua criação.
esta é uma escolha coletiva, mas deverá ser tomada por cada indivíduo
compondo esta monstruosidade que ousamos batizar de “sociedade humana” .
mesmo após a reconfiguração neoliberal do Capitalismo, a Esquerda
prossegue imobilizada pelos obsoletos paradigmas. abatida numa guerra de
extermínio, faz de suas últimas palavras uma súplica pela conciliação. frente a
uma crise permanente, aspira a um retorno impossível aos anos dourados do
keynesianismo. confrontada com a total mercantilização da vida, ainda levanta a
patética bandeira de uma “gestão humanitária” do capital.
no Brasil pós-golpeachment a fratura institucional é irreversível. entre
o poder instituinte, a soberania do poder do povo, e os poderes constituídos,
com todas instituições em colapso, restaram apenas os escombros do Estado
Democrático de Direito e os farrapos da Constituição de 1988.
e mais além, o rompimento do tecido social também é irreparável. a casta
dominante atirou completamente fora seus derradeiros laços com qualquer projeto
de Nação. os grandes empresários cruzam em júbilo a “Ponte para o Futuro”, para
levar o país de volta a um status pré revolução de 1930, entregando o Brasil a
uma condenação perpétua no modelo neocolonial.
nesta guerra de mundos, a barbárie e a catástrofe são o cotidiano.
enfrentamos no dia a dia a guerra climática. já não vivemos no mesmo planeta no
qual nascemos. habitamos um mundo alienígena, onde progressivamente se
deterioram as condições ambientais para a existência da vida tal a conhecíamos.
experimentamos este processo impactando o funcionamento de nossos corpos
através de “sintomas”. estresse crônico. náuseas e tonteiras. distúrbios do
sono e problemas de pele. a “doença” da crise ecológica.
não haverá nenhuma saída deste armagedon. avançamos para o holocausto
generalizado de espécies, inclusive a nossa própria. sequer precisamos nos
angustiar com a morte e a extinção. elas já estão asseguradas. a esperança de
nada mais nos vale.
ainda assim, precisamos viver a única vida que temos para viver. como
náufragos, vagamos num oceano de infâmia e destruição. ninguém nos apontará
nenhum rumo, até mesmo porque ele não existe. então, é preciso criá-lo: um
outro jeito de viver.
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