10 agosto 2016

a batalha do Brasil

10/08/2016


guerra ao terror. guerra às drogas. guerra à corrupção. guerra sem fim. a guerra como negócio.

Afeganistão, Iraque, Bálcãs, Líbia, Grécia, Egito, Ucrânia, Europa, Síria, África. se quiser impor uma mudança, desencadeie uma crise. ou ainda melhor, deflagre uma guerra.

num mundo em que a guerra é o hardware no qual se processa atualmente o Capitalismo, a crise consiste na continuidade da guerra por outros meios. uma desestabilização permanente desencadeando mudanças constantes, a fim de evitar que não ocorra de fato nenhuma mudança autêntica. para gerir as crises periódicas do capitalismo gerou-se a doutrina do Capitalismo de Crise.

o Capitalismo declarou guerra à humanidade e ao planeta. a Tirania Financeira avança sobre nações e populações, fragmenta os países, expropria seus recursos naturais e exila seu povo.

é no epicentro de uma guerra híbrida mundial que travamos a batalha do Brasil.

nunca fomos uma nação. e já não somos um país. o BrasilPar é hoje uma gestora de participações acionárias em diversas empresas e empreendimentos, uma holding estrategicamente associada a USA Incorporation.

com o acentuado nível de oligopolização e financeirização, os cartéis se entrelaçaram a ponto de alguns poucos grupos controlarem a quase totalidade da economia brasileira.

como a grande indústria se tornou um empreendimento de fachada, não poderia estar melhor representada do que pelo painel luminoso do prédio da FIESP, por seu pato plagiado e seu presidente sem-indústria e rentista do setor imobiliário.

herdeira de um ódio ancestral à Democracia, a plutocracia brasileira concretiza com o golpe do impeachment o seu projeto de país: uma capitania hereditária condenada a perpetuamente exportar commodities. para os donos do poder serem os donatários do Estado máximo, os demais devem ser mantidos em regime de semi-escravidão nas zonas de exclusão.

na ruína institucional os poderes constituídos se revelam como sórdida ficção. não mais legitimados por nenhum poder instituinte e sim pela coerção e o arbítrio. Executivo, Legislativo, Judiciário e MPF estão igualmente expostos como instrumentos de poder a serviço da plutocracia. já não possuem qualquer fundamento num poder emanado do povo.

sim, o rei está nu! e quanto mais alto se ergue este grito, mais a ele o rei se torna surdo. enquanto o “Fora Temer” ecoa potente nas ruas e nas pesquisas, mais patente fica sua incapacidade de concretizar a palavra de ordem, porque entre o poder instituinte e os poderes constituídos já não existe relação, apenas a ruptura.

um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode detê-lo.
          
após a miragem dos 13 anos de promíscua conciliação de classes do Lulismo, mais uma vez a plutocracia brasileira deflagra a guerra civil contra o Povo e a Nação.

frente ao golpe, o Lulismo prossegue em seu pesado sono, tendo sonhos impossíveis sobre um ano longe demais: 2018. seu foco atual não é na resistência ao golpe e sim nas eleições municipais de outubro, mesmo com o registro do PT sob pedido de cassação.

a heróica resistência do Povo sem Medo nas ruas reduz o véu constituinte a farrapos. agora todos podem ver o que ele ocultava: um condomínio de gangues patrimonialistas, um consórcio de organizações criminosas. sem qualquer legitimidade, base ou fundamento. nada mais que o puro exercício da força.

na batalha do Brasil, resistir é um imperativo ético. por que lutamos? lutamos por nossa sobrevivência.

“Entretanto, antes de chegar ao verso final já tinha compreendido que não sairia nunca daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no instante em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo o que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra.”
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