30 setembro 2006

bando selvagem

num momento caótico, um país dividido é a nossa herança. entretanto, talvez o tempo das armas esteja acabando. e a época dos homens violentos ficando para trás.

como deixar de sermos um bando selvagem, agindo em interesse próprio, para nos tornarmos uma nação?

nenhum processo de amadurecimento se dá sem ruptura e dor. principalmente para as nações.

se não há qualquer futuro possível no ódio e na desilusão, não nos livraremos do passado sem manter princípios claros e inabaláveis. até mesmo os bandidos têm seu código de ética.

sem ação cooperativa e inclusão social não existe competitividade sistêmica, sendo impossível desenvolvimento sustentável. nem os bandos sobrevivem caso não trabalhem em equipe.

na maioria dos países modernos, a idéia da nação foi projeto dos quadros dirigentes e não uma iniciativa das massas. as elites brasileiras, todavia, pouco se identificaram com a nação. aceitaram um papel subalterno de sócias minoritárias, num país constituído como uma empresa sob controle estrangeiro para atender demandas externas.


no Brasil, foram pessoas do povo que abraçaram uma certa idéia de nação. nossa construção nacional, ainda inacabada, sempre foi obra de um bando de Brasileiros selvagemente apaixonados pelo país. por isto, nossa identidade nacional não resulta de raízes gloriosas, tampouco de ambições imperiais. nossa cultura de síntese não se baseia em raça ou em religião. não somos xenófobos, nem guardamos ressentimentos em relação ao colonizador.

só que em nossa história o controle do país tem sido exercido de modo selvagem por bandos sucedendo bandos. sem que, até hoje, o povo tenha conseguido assumir o comando da nação.

após Collor e FHC, Lula é o fim de um ciclo. a definitiva falência não apenas de um modelo sócio-econômico, como de uma estrutura política, que se demonstraram incapazes de desenvolver o Brasil e proporcionar qualidade de vida aos seus habitantes.

apanhados numa encruzilhada do destino, precisamos virar uma página da História: o Brasil de poucos terá de ser o Brasil de todos.

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