28 janeiro 2017

fator Putin - efeito Trump

28/01/2017



nada é exatamente o que parece ser. tudo é teatro de sombras. jogo de espelhos, miragens distorcidas. tudo são performances. manipulação de manipulações. reflexo infinito.

um reality show dentro de uma gigantesca bolha, como num bizarro conto sci-fi.

através da gestão da percepção e da elaboração do simbólico, a política e a arte se unem, garantindo acesso direto ao inconsciente social. quem domina a linguagem, domina o mundo.

mas entre as narrativas e o fato, uma evidência se acentua: o Império do Caos e a Tirania Financeira Global perderam a guerra para impor uma governança mundial unilateral.

não haverá mundo unipolar. nenhum algoritmo cibernético automaticamente calculando uma nova ordem para governar um mundo previsível e estável, do qual a política foi extirpada.

as peças do grande tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial foram derrubadas.

o projeto de uma USA Incorporation pós-nacional está ruindo pelo próprio caos que instalou e através do qual pretendeu se consolidar. com a I Guerra Fria, desmoronou a URSS. a II Guerra Fria implodiu com o Império do Caos.

guerra perdida, ainda mais uma vez a solução será política!

Nós não buscamos impor nossa maneira de viver sobre ninguém, mas, em vez disso, deixar que ela brilhe como um exemplo a ser seguido.
Trump – discurso de posse – 20/01/2017

"Não foi um discurso presidencial, foi uma verdadeira declaração de guerra".
Gabor Steingart, Editor Chefe do Handelsblatt, principal jornal econômico da Alemanha

um complexo realinhamento que não será pacífico. a solução política para configurar um mundo multipolar será a continuidade da guerra, por outros meios. indo além da guerra híbrida, avançamos agora no desconhecido teatro de operações de uma guerra de mundos.

um pântano profundo que resistirá a ser drenado. um imenso e ingovernável Estado paralelo que não fará imediatamente nenhum fácil armistício.

uma diversificada coalizão terrorista de Daesh & CIA: gestores de fundos hedge e cartéis de narcotraficantes, ONG corporativas e comércio de exportação e importação de órgãos humanos, agências de risco e empresas midiáticas de controle mental.

todas as armas de destruição em massa da globalização neoliberal “progressista”. um admirável mundo novo erguido sobre o choque e pavor.

como um rei coroado sobe ao palco e brada performaticamente: “Uma nação sem fronteiras não é uma nação!”. mas apenas com uma frase mágica, de algum showman em Las Vegas, é possível fazer desaparecer o TPP e o Nafta? muralhas de concreto podem impedir o livro fluxo do narco-capital financeirizado?

como se fosse algum líder bárbaro, um King Kong topetudo do alto de sua torre bilionária anuncia: “estamos transferindo o poder de Washington, D.C., e o devolvendo a vocês, o povo”. mesmo tendo sido eleito por um sistema viciado, concebido para manter sob controle a soberania do voto popular.

como um remake do  Dr. StrangeLove, pregando o plano de uma nova corrida armamentista, apenas para o mundo se recuperar da loucura de ter perdido a noção de uma mútua destruição garantida (MAD), no caso de utilização de armas nucleares.

enquanto o Vale do Silício viajava nas nuvens, na busca de um definitivo upload da neo aristocracia para a web, Putin modernizou em segredo suas forças armadas, tornando a Rússia território fora de alcance para os mísseis dos EUA.

numa das ironias da História, foi o complexo industrial-militar russo o grande obstáculo no caminho do capitalismo cognitivo-cultural.

se a queda das torres gêmeas marca o ato de inauguração da estratégia de uma guerra sem fim, provavelmente levando ao fim de todas as guerras com o armagedon termonuclear, talvez agora pode ser finalmente o 11/9 começando a cair.

assim como acontecera na derrota no Vietnam, a guerra contra o terror consumiu em vão trilhões de dólares. mais uma vez a economia mundial está disfuncional. do mesmo modo que em 1971 era insustentável o padrão monetário Ouro-Dólar, agora um novo sistema Bretton Woods terá que ser estabelecido.

um mundo multipolar, no qual os EUA ainda serão a liderança, mas não isoladamente.

todos os associados a USA Incorporation, desde corporações como a Rede Globo no Brasil, até países inteiros, como a Alemanha com sua despótica subordinação da Europa, todos serão brutalmente atingidos. não apenas em seus negócios, mas politicamente em sua identidade.

como a plutocracia brasileira será afetada? o que vai fazer? nem ela mesmo sabe!

a plutocracia colonial e escravocrata do Brasil sempre foi comandada de fora, nunca teve projeto próprio, pensamento estratégico ou qualquer visão de futuro.

um de nossos maiores perigos é surgir um populista nacionalista de Direita, carismático, articulado e bem assessorado, para ser no Brasil o representante desta outra nova ordem mundial que se anuncia.

o poder que dá o golpe, não é o poder que consolida o golpe. mas desta vez, ao se descascar camada por camada, nada restou no centro da cebola. um vácuo que só pode ser preenchido de fora, por um outsider. um outsider saído de dentro do próprio sistema.

“Nós criamos uma organização. Nós planejamos a insurreição das pessoas simples e bidimensionais contra os astuciosos e complexos. Contra, aqueles que não poderiam responder ‘sim’ ou ‘não’. Aqueles que não podiam dizer: ‘preto’ ou ‘branco’. Aqueles que sabiam uma terceira palavra. Muitas, muitas terceiras palavras. Palavras vazias e falsas. Caminhos enredados que obscurecem a verdade. Nesta teia de escuridão, nestas complexidades fugazes – se esconde e se reproduz todo o mal no mundo. Eles são a casa de Satanás. Lá, eles fazem dinheiro e bombas. Falam: ‘Isto é o dinheiro para o bem dos honestos; Estas são bombas para a defesa do amor’. Vamos nos engajar amanhã. Seremos vitoriosos. Ou pereceremos. Não existe uma terceira via.”

“Without Sky”, Nathan Dubovitsky, também conhecido como Vladislav Surkov, consultor particular de Putin.
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p.s.:

congelar contratações no setor público faz todo sentido para um liberal que pretende gerar empregos no setor privado. preservar os gastos militares também, por óbvios motivos.

mas por que diabos, logo de saída, como uma de suas primeiras medidas, cortar o financiamento para ONG ligadas ao aborto? apenas para satisfazer a parcela reacionária de seus eleitores? seria um bom motivo, mas não me parece suficiente.

primeira descoberta: Planned Parenthood, a principal ONG atingida pela medida, é uma verdadeira corporação. movimenta cerca de US$ 1,3 bi/ano (2014). entre seus doadores muitos democratas famosos. atua em 12 países.

segunda descoberta: sua fundadora, Margaret Sanders, é defensora da eugenia. "O controle de natalidade nada mais é do que a facilitar o processo de eliminar os inaptos [e] de impedir o nascimento de defeituosos".

terceira descoberta: seus negócios paralelos com o comércio de órgãos e tecido fetal. tudo perfeitamente legalizado!
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