12/07/2017
a cada vez que a
Esquerda se omite a Direita se levanta. após um ciclo ascendente do movimento de
massas em contra-ataque ao golpe, passando pelo ato de solidariedade a Lula de
10-MAI em Curitiba, pela ocupação de Brasília em 24-MAI e desembocando na maior
greve geral brasileira em 28-MAI, mais uma vez há um repetido recuo. como é
possível para um movimento em pleno exercício de sua potência subitamente
arrefecer seu ímpeto? a resposta é dura: a Ex-querda e o Lulismo temem mais o movimento de massas do que
temem a Direita. jamais se colocam como catalisadores de um movimento de massas
autônomo, e sim atuam para subordinar este movimento e convertê-lo em massa de
manobra. o velho e conhecido peleguismo nascido junto com a burocracia sindical
brasileira. o povo na rua para defender Lula em Curitiba sim, mas nunca para
acampar em Brasília e parar o Brasil em sucessivas greves gerais. o retrocesso
do movimento popular sempre redunda um inevitável avanço da Direita. este foi o
caminho que nos conduziu ao Golpeachment,
e este será a via de ascensão de uma ditadura neo-fascista no Brasil;
a crise
brasileira é a crise de nossas lideranças. e a crise da luta contra o golpe é a crise das
lideranças de Esquerda. a quase totalidade das lideranças de Esquerda sucumbiu frente
ao Golpeachment. não é possível derrotar o golpe pela via
parlamentar, tampouco ao se pautar pelo calendário eleitoral. só um amplo
movimento de massas, profundamente capilarizado no tecido social, é capaz de
alterar a correlação de forças. um movimento sob o paradigma da transversalidade:
uma verticalidade profundamente enraizada num ampla e enraizada
horizontalidade. num contexto em que a crise da representação se consumou, apenas
o próprio poder instituinte, a soberania popular, será capaz de promover
mudanças nas relações sociais. por isto as mudanças não se dão pura e
simplesmente através dos poderes constituídos, na maior parte das vezes nada
mais que os grandes obstáculos para qualquer tipo de mudança. ou seja: a
chegada ao governo deve ser precedida, e resultado, de um sólido processo de
organização de um movimento popular necessariamente permanente. sem isto, os
golpes continuarão triunfando, seremos sempre derrotados e afundaremos no
cinismo e na depressão;
o golpe começa
com Dilma Roussef. ainda antes de iniciar seu segundo mandato, Dilma assentou a pedra
fundamental do golpe ao lançar o Plano Levy. com um viés de enfrentamento, a
campanha de Dilma pulverizou Marina, abertamente defensora da autonomia do BC,
e encurralou Aécio, com suas “medidas
impopulares”. ainda assim, logo após a eleição Dilma imediatamente trai seus
eleitores e implementa uma versão mitigada de um projeto derrotado por quatro
vezes nas urnas. então a estratégia de conciliação permanente do Lulismo já vencera seu prazo de
validade. a cleptocracia exigiu uma rendição incondicional do Lulismo. apesar das insistências do Lulismo, Dilma não cedeu, por isto foi
deposta pelo golpe do impeachment. Dilma é a grande personagem trágica do Lulismo, não Lula. apesar de seus
equívocos, Dilma foi a única a tentar encaminhar um projeto de mudanças,
enquanto Lula nunca cogitou ultrapassar a conveniente fronteira de uma
hegemonia às avessas: curvar-se a quase totalidade das exigências de uma
minoria, para tentar se legitimar pela concessão de alguns poucos benefícios
para a maioria;
"E se eu fosse
Dilma, no dia em que a Câmara votou a admissibilidade do impeachment eu teria
chutado o pau da barraca. Iria em rede na TV dia sim dia não e anunciaria que
estava enviando ao Congresso todas as medidas que faria até o fim do mandato,
com um pacote de bondades sobre salário mínimo, mudança na tabela do imposto de
renda ficando mais progressiva (beneficiando inclusive a classe média), criação
do imposto negativo para quem ganha menos e das grandes fortunas para os
verdadeiramente ricos, imposto sobre lucros extraordinários, lei do teto e piso
salarial no serviço público cair para a diferença de 1 para 20 e ir decaindo ao
longo dos anos até ficar 1 para 8, marco regulatório da democratização das
comunicações, incentivos para uso da internet e por fim enviaria convocação de
uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para reconstruir o sistema
político e construir alguns pactos nacionais."
só a Antropofagia
nos une. ou se devora ou se
é devorado. ou lutamos ou não sobreviveremos. tupi or not tupi. that is the
question. esta é a definitiva lição da pedagogia do golpe. será a base de nossa educação pela pedra. por lições, para aprender da pedra,
frequentá-la. um outro Brasil se erguerá dos escombros. já não restou pedra
sobre pedra. será com estas pedras presentes da ruína institucional brasileira que
coletivamente construiremos nosso futuro. ou será pela pedra, ou não haverá
qualquer futuro.
vídeo: 2013 - It's time to RISE
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