27 maio 2017

os Brasis: ocupa Brasília

27/05/2017


foto: Bruna Goularte

após um ano de resistência, o cerco foi rompido.

nos paneleiros globotomizados bate o arrependimento, ao se descobrirem como meros trouxinhas úteis. como ratazanas enganadas, os patos amarelos abandonam as ruas e o golpeachment começa a naufragar. já não é possível negar que o golpe nada mais é do que a guerra da lumpenburguesia brasileira contra o Povo, para exterminar com os direitos sociais e reconduzir o Brasil a um status pré Revolução de 1930.

é lançada a contra-ofensiva. numa impressionante blitzkrieg, os golpistas sofrem derrotas sucessivas.

após as grandes manifestações de 15-MAR contra as reformas regressivas e o austericídio,  realiza-se em 28-ABR a maior Greve Geral da História Brasileira.

em 10-MAI, o bunker da Lava Jato & Associados é tomado de assalto. o depoimento de Lula em Curitiba nos faz vivenciar Getúlio frente a frente com a República do Galeão, num resgate de 1954. é como se  uma história engasgada por 63 anos fosse enfim retomada.

então vaza a deduração premiada que faltava: expor a Lava Jato e o impeachment como operações contra os interesses do Brasil, de suas grandes empresas e de sua população. a luta de classes no interior do próprio setor dominante, facção contra facção, gerou um contra-golpe dentro do golpe. para não ser demolida como as empreiteiras, a JBS recusou-se a seguir mansamente ao abatedouro.

com a massiva ocupação de Brasília em 24-MAI, a Ditadura Temer se tornou a mais breve de todas. o dia que nunca ia acabar foi apenas aquele que jamais aconteceu. em menos de 24 horas é revogado o decreto de garantia da ilegalidade e da desordem. as FFAA recusam-se a degradante função de guarda pessoal de um usurpador agonizante e visceralmente comprometido com o propinoduto exposto por Joesley Batista.

não foi aceito o clamor BolsoNazi para “matar uns 30 mil” e aplicar o golpe dentro do golpe. os militares disseram NÃO. ficou patente ser inviável qualquer estabilidade para o golpeachment: o Brasil não será uma neo-colônia semi-escravocrata, nem mesmo com uma Ditadura genocida.

o golpe fracassou. não haverá golpe dentro do golpe.

o poder constituinte está em farrapos e nada mais oculta sua origem sórdida, ficou desmascarado como um condomínio de quadrilhas, uma organização criminosa, um sindicato de ladrões. todo o poder da cleptocracia não emana do povo, e sim de um golpe imposto pela força e sem qualquer legitimidade.

este é a verdadeira baderna e o autêntico vandalismo: uma plutocracia predatória, cujo único projeto é a espoliação de curto-prazo para depredar o patrimônio público. esta é a mais extrema forma de violência: Um contra Todos.

já não falta um Povo.

a luta e a resistência geraram seu Povo. um Povo sem Medo nas ruas. o povo que previamente fal­tava. pois não é “o povo” que produz a luta e a resistência, é a luta e a resistência que forjam o seu Povo. não um salvador da pátria surgindo da névoa montado em algum cavalo branco. mas a multidão! um congraçamento de muitos Povos, que compartilham um segredo: já vivemos uma vez e naquela vida fomos chamados de Brasileiros.

Brasília já não é a Babilônia burocrática isolada na vastidão do planalto central. a cidade do concreto armado e do automóvel teve seus amplos espaços desertos ocupados pelo Povo sem Medo. nenhuma Bastilha está eternamente a salvo, todas elas foram erguidas apenas para serem derrubadas.

o golpismo é como uma muralha. parecia impenetrável, inexpugnável. mas eis que surgiram rachaduras, várias delas. agora elas se proliferam e se expandem. só com a articulação de todas estas rachaduras é possível fazer o muro desabar. nós somos estas rachaduras.

no intenso momento do agora nasce o futuro.

os golpistas precisam de tempo para articular uma saída, mas a cada dia crescerá o clamor popular por “Diretas Já”. assim, estamos num túnel nas espirais do tempo, ricocheteando entre 1984 e 1989. repete-se a mesma situação trágica entre o Colégio Eleitoral de Tancredo Neves e a derrota de Lula na primeira eleição direta para presidente após o Golpe de 1964.

o tempo presente já não é mais como costumava ser. agora é um transmutador histórico para resgatar o karma instantâneo. não mais o movimento linear do tempo pendular e mecânico do relógio capitalista, mas um tempo qualitativo e catalisador no presente de todos os momentos de revoltas no passado.

precisamos passar a limpo nossa História. não há retorno. não há saídas. a crise se tornou maior do que tudo e maior do que todos.

o único caminho é para a frente. construir coletivamente um portal de entrada para um novo ciclo. para um Brasil do séc. XXI. Povo e Nação comprometidos com um projeto de desenvolvimento ecologicamente sustentável, socialmente includente e internacionalmente alinhado com os BRICS na construção de um mundo multipolar.

“Cuando amaine la tormenta,
 cuando la lluvia y fuego dejen en paz otra vez la tierra,
 el mundo ya no será el mundo, sino algo mejor.”

vídeo: Ocupa Brasília – 24/05/2017


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