29/09/2019
não recomendado aos que padecem de reações alérgicas frente ao mais
poderoso dos psicotrópicos: a análise crítica.
- apesar das oscilações de linguagem e narrativa, o filme "Bacurau"
enfoca um claro ponto central: acabou o amor, isto aqui virou um inferno;
- a lumpenburguesia brasileira,
sócia minoritária dos mega interesses globais, declarou aberta a temporada de
caça;
- nós somos a caça. e a
temporada só encerra quando estivermos todos mortos;
- neste game viciado não tempos opção,
a não ser lutar por nossas vidas. numa guerra de extermínio, ou lutamos ou não
sobreviveremos;
- não será nenhum messiânico Salvador da
Pátria quem nos guiará através do vale das sombras da morte, tampouco
faremos esta travessia movidos pela paz e o amor;
- nenhuma pax nos
salvará. o inimigo não admite qualquer possibilidade de
conciliação. o fascismo precisa ser decapitado e suas lideranças devem ser
enterradas... vivas;
- a autodefesa da comunidade e do território
no qual vive (ZAD - Zona A Defender) é tarefa de seus próprios
integrantes;
- este é o cerne do filme: o povo organizado pegando em armas, para se defender;
- este é o cerne do filme: o povo organizado pegando em armas, para se defender;
- déjà-vu: tudo isto já aconteceu antes. no
chão deve ser novamente cavado um buraco, num ponto exato conforme indicações
exatas: há um mapa do caminho;
- um museu não é o depósito de uma História
fossilizada, e sim onde com orgulho estão prontas as armas para a luta;
- sem resgatar a própria memória e conquistar autonomia sobre sua própria
História é impossível no presente o vôo
dos Bacuraus;
- a comunidade é uma Zona Autônoma
Temporária (TAZ), sua perenidade é o tempo da luta por sua permanência.
nada está dado, tudo precisa ser continuamente conquistado: somos todos
quilombolas;
- isto sempre acontece: os caçadores acabam se
caçando entre si. a guerra de classe é também uma guerra entre frações de
classe: Guerra de Famiglias;
- o joguinho tem um nome: Daesh;
- um hardware da morte processando a
necropolítica do Capitalismo contemporâneo: o lucro pelo lucro, a acumulação
pela acumulação, o terror pelo terror, a destruição pela destruição, a morte pela morte;
- trata-se da guerra de um mundo contra todos os demais e contra si
mesmo, conforme sintetizado em seu lema macabro: "Viva la Muerte!";
- a assim denominada "civilização"
nada mais é do que esta barbárie instalada: o Capitalismo como a máquina da
pulsão de morte;
- contra a extinção em curso, há um Povo:
os Seres da Terra;
- para alçar vôo com os Bacuraus, é
preciso estar enraizado no centro da Terra. e isto só se concretiza em
comunidade, através daquele território no qual vivemos e criamos laços: com o
meio ambiente e uns com os outros;
- por que lutamos? lutamos porque só assim nosotros pode estar vivo: "Muera
la Muerte! Gracias a la Vida!".
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário