21/05/2019
dentro da bolha BolsoNazi a Terra é
plana e a Guerra Fria nunca acabou.
impera despótico o pensamento binário. a
intensidade é monofásica e contínua. o monólogo gira em torno de alternativa
única.
um mundo onde a política não pode ser senão
bidimensional.
sempre "nós" contra "eles":
povo eleito x goyim, Terra Prometida x Faixa de Gaza, condomínios
fechados x favelas, colégios particulares gourmet x escolas públicas
abandonadas, kafta x Kafka.
liberdade individual acima de tudo, business
acima de todos.
agora, ao se chocar com a solidez do deserto
do real, virou pó. explodiu. com isto, atrapalhou os negócios. e por prejudicar os
negócios, compromete a liberdade individual, compreendida fundamentalmente como
a liberdade para fazer negócios e acumular riqueza.
ainda assim, cabe analisar com atenção o texto repassado por Bolsonaro.
antes de somente ser mais um delírio próprio
dos nascidos e vividos dentro de bolhas, sem qualquer contato com a miséria
brutal de um Brasil do qual sequer reconhecem
a existência, há diversos trechos de perturbadora lucidez.
como:
"Desde a tal compra de votos para a reeleição, os conchavos para a
privatização, o mensalão, o petrolão e o tal “presidencialismo de coalizão”, o
Brasil é governado exclusivamente para atender aos interesses de corporações
com acesso privilegiado ao orçamento público.
Querem, na verdade, é manter nichos de controle sobre o orçamento para
indicar os ministros que vão permitir sangrar estes recursos para objetivos não
republicanos.
FHC foi reeleito prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois,
Lula foi eleito criticando a política de FHC e nomeou um presidente do Bank
Boston, fez reforma da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita
criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy.
Descobrimos que não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser
cumprido sem que as corporações deem suas bênçãos. Sempre a contragosto."
apesar da correta identificação da falência de
um sistema político sequestrado pelas mega corporações, nenhuma lucidez pode
durar o bastante na Terra Plana, assim logo a frente o delírio se impõe
definitivo:
"Agora, como a agenda de Bolsonaro não é do interesse de
praticamente NENHUMA corporação (pelo jeito nem dos militares), o sequestro
fica mais evidente e o cárcere começa a se mostrar sufocante."
embora os fatos sejam visto com a exatidão de como
eles são, a conclusão só pode ser apresentada distorcida da perspectiva de quem
se é.
não basta a terraplanagem para nivelar com
qualquer profundidade, ainda se deve inverter a lógica, por mais obviamente
absurdo que se seja.
e Bolsonaro já não é mais o parlamentar vulgar com 27 anos de mandatos medíocres e muito pouco realizado, e sim o arauto da "nova política". e mesmo "o eleito por Deus para comandar o
Brasil".
Bolsonaro venceu as Eleições de 2018 porque encarnou o candidato outsider e anti-sistema, personificando o
sentimento "contra tudo que está aí". entretanto, ninguém melhor do que Bolsonaro para representar o que há
de pior na classe dominante no Brasil.
a aplicação das “medidas
impopulares”, rejeitadas por
quatro vezes nas urnas, só podia se dar através de um golpe de Estado.
Bolsonaro é a continuidade deste golpe por meio de eleições fraudadas. tanto
pela via jurídica (impedimento da candidatura Lula), quanto por uma campanha manipulada por fake-news e
financiamento ilegal.
contudo, a superação
das consequências sociais, econômicas, políticas e institucionais do Golpeachment só se viabiliza,
paradoxalmente, pela aplicação de “medidas populares”.
ou seja, fazer o
grande empresariado pagar o pato de
uma crise por ele gerada.
esta contradição não apenas está dilapidando vertiginosamente
o capital político de Bolsonaro, como fará o mesmo com qualquer que seja seu
sucessor.
por exemplo, o General Mourão.
"Agora eu somente via um mundo bidimensional. Infinito na largura e
no comprimento. Mas sem altura. Sem o céu. Onde estava o céu, eu indagava. Está
lá, eles me respondiam. Mas eu não podia vê-lo, não podia vê-lo. Comecei a
entrar em pânico.
Se fosse apenas não ser capaz de enxergar o céu sobre nosso vilarejo,
estaria tudo bem. Mas nossos próprios pensamentos perderam profundidade. Eles
também se tornaram bidimensionais. Nós compreendíamos apenas "sim" e
"não". Somente "preto" e "branco". Não havia tons
de cinza. Sem meio-tons, sem também capacidade de auto-preservação."
também conhecido como Vladislav Surkov, consultor particular de Putin.
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