16 novembro 2007

a batalha do Ipea

tradicional colunista social do mercado execra o que denomina de “expurgos” no Ipea, segundo ele, um ataque a pluralidade do órgão. [1]

como se sabe, o famoso "pluralismo" do pensamento único do mercado foi inaugurado de forma categórica por Madame Thachter, na década de 80, ao decretar: “there is no alternative”.

sintomaticamente um dos "expurgados", dedicado em tempo integral a destruir o que restou da previdência pública brasileira, é também co-autor de um projeto de reforma previdenciária elaborado por encomenda de um conjunto de entidades do setor financeiro – aglutinadas na Ação Para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais. [2]

trata-se de uma versão muito peculiar do pluralismo, desde que todos compartilhem das mesmas idéias e concepção do mundo e estejam a serviço, muito bem remunerado, dos mesmos senhores.

Pochmann e Sicsú implementam no Ipea o que Lula deveria fazer no BC: uma troca de guarda para reconduzir o Brasil ao rumo do desenvolvimento.

enquanto os fiéis defensores da democracia do pensamento único alugam os cadernos de economia da grande mídia para histericamente espernearem contra as mudanças no Ipea, uma pergunta não pode se calar:

por que o Ipea, um órgão público, deveria acobertar um emérito lobista da previdência privada, travestido de pesquisador, que nem funcionário é do Ipea, e sim do Bndes?

muito embora Pochmann já tenha trocado 5 dos 6 diretores do Ipea, não houve esta gritaria de agora. foi considerado normal. ninguém saiu se fazendo de "expurgado".

muito bem, por que?

é que agora mexeram com o lobista. e o lobby saiu em socorro dele.

agora mexeram com um dos inventores do déficit da previdência - aquele que nunca existiu, não existe e nem pode existir nos termos da Constituição de 88.

nenhum dos argumentos do lobista a favor de uma nova reforma da previdência tem sustentação técnica.

são apenas negócios. a cada vez que o governo apenas cogita uma nova reforma - e o lobby faz ecoar através da grande mídia – dispara a captação dos fundos privados de previdência.

por que o lobista não faz suas pesquisas contratado diretamente pela Febraban? porque então seria tudo muito descarado, revelando tratar-se apenas de negócios e não de produção de conhecimento.


o lobby funciona bem melhor disfarçado através da bandeira do Ipea.




[1] Guilherme de Barros, Folha de São Paulo, 15/11/2007
[2] Henrique Júdice Magalhães , “A quem serve Giambiagi?”

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