resposta a um filósofo militante em sua crítica
a uma liderança revolucionária.
há um genocídio em curso avançando por duas
frentes: a COVID-19 e o ultra-liberalismo.
só diríamos a outrem aquilo mesmo que não
paramos de repetir a nós mesmos!
somos todos nós os condenados da Terra,
lançados no absoluto desamparo por uma classe dominante a todos nós odiando.
e neste desespero nenhuma ilusão deve restar:
sempre foi nós por nós.
por não encaminhar qualquer proposta concreta
para minimamente gerir a pandemia, omitindo-se frente a uma catástrofe desta magnitude,
a burguesia brasileira torna-se "irrelevante".
como resultado há uma crise de hegemonia: a
dominação só pode se impor pela coação e a violência, sem conseguir se exercer
por meios ideológicos forjando consensos.
já não há nenhum "ganho" para a
classe trabalhadora em submeter-se por consentimento à dominação burguesa.
cabe indagar: haveria alguma saída dentro da
ordem?
porém, ao contrário do que possa
parecer, a taxativa resposta de "não
existir saída dentro da ordem" não é radical. está longe de
ser suficientemente radical, num tempo de extremas radicalidades.
primeiro, porque a ruptura com a ordem implica também em abandonar formas de militância e de organização ainda situadas no interior dela.
como exemplo: o Militante e
o Partido, compreendidos como Instituições, portanto instâncias
de controle e neutralização da oposição à ordem.
depois, por não haver de fato nenhuma saída, seja dentro ou fora da ordem. a única alternativa é abrir portais de entrada para processos emancipatórios.
como viabilizar estes portais de entrada?
neste contexto de pandemia, é
justamente a necessidade premente da luta pela saúde coletiva o que delineia o
mapa para ser seguido.
encurralados por dois lados, a COVID-19
e o ultra-liberalismo, é também em duas frentes simultâneas que nosso movimento
deve se dar.
a primeira frente é intervir na
urgência desesperadora do imediato.
para isto são fundamentais as redes
de solidariedade fornecendo cestas básicas, atendimento médico e todo tipo
de assistência, inclusive em questões burocráticas, por exemplo, acompanhar o cadastramento
para receber o auxílio emergencial.
além disto, as redes também cumprem uma função de intercâmbio de informações e experiências, colocando-se desde já como meio de articulação da 2ª frente de atuação.
sem ilusões em qualquer alternativa
institucional, nos cabe construir um processo
destituinte.
sendo esta a 2ª frente: a
destituição de um mundo, para outros mundos poderem florescer.
e como se dá na prática um processo destituinte?
destituir não implica em atacar as
instituições,
e nem mesmo em criticá-las, pois o Poder
Destituinte atua nos libertando de nossa dependência das instituições.
exemplo:
- destituir a medicina de mercado é nos tornarmos capazes de gerir coletivamente nossa saúde, a partir de técnicas alternativas e saberes ancestrais, conscientes de não ser possível estar saudável num meio ambiente doentio;
- destituir a indústria
alimentícia se dá pela organização de coletivos capazes de produzir e
colocar em circulação alimentação saudável;
- destituir um governo é se tornar
ingovernável.
o processo destituinte se fundamenta na autonomia:
auto-organização, auto-gestão, auto-suficiência e auto-defesa.
neste sentido, algum programa
mínimo unificaria as lutas?
qualquer programa mínimo está muito
além do máximo que a classe dominante aceitaria conceder.
e nenhuma força política
institucionalizada pactuaria um programa mínimo estabelecendo um processo
destituinte, por serem elas próprias parte daquilo a ser destituído -
começando pelo princípio da representação.
é inútil investir tempo e energia
para destruir um mundo agora desmoronando na frente de todos nós.
até mesmo porque nossos recursos tanto
materiais, quanto de tempo e energia, são bastante limitados.
serão melhor utilizados na criação
de outros mundos, aplicando-os diretamente em articular territórios autônomos
baseados na auto-suficiência em energia, água, comida e saúde.
vídeo:
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