31 outubro 2019

Chile OUT-2019: do oásis à guerra

31/10/2019


dissipa-se em chamas a miragem do oásis neoliberal periférico, revelando a realidade infernal de uma guerra de classes travada em toda a América Latina: a lumpenburguesia contra o povo.

assim como Junho de 2013 no Brasil não foi por 20 centavos, no levante no Chile no son 30 pesos, son 30 años.

do estopim da juventude rebelde ao motim da multidão em movimento está esgotado o duopólio chileno, sempre pendulando no espaço restrito de uma Concertación mantenedora da amaldiçoada constitucionalidade herdada da ditadura.

a sanguinária ditadura de Pinochet viabilizou pela doutrina do choque o ultraliberalismo selvagem de Hayek e Friedman.

enquanto a caravana da morte percorria o Chile a Operação Condor sobrevoava o cone sul, impulsionada pelo vento norte da tortura, do assassinato e do desaparecimento.

Desaparecia-se muito naqueles dias. Desaparecia-se a olhos vistos e não era miopia. Bastava que alguém visse um desaparecido e o desaparecido desaparecia. Não, não era fácil ser poeta naqueles dias. Porque os poetas, sobretudo - desapareciam.

agora estão novamente se abrindo as grandes alamedas por onde há de passar o homem livre para construir uma sociedade melhor.

a marcha da História não pode ser detida indefinidamente, sendo sempre pelos passos insubmissos da juventude que ela retoma seu caminho.

Não há cova funda que sepulte a rasa covardia. Não há túmulo que oculte os frutos da rebeldia. Cai um dia em desgraça a mais torpe ditadura, quando os vivos saem à praça e os mortos da sepultura.

de novo repete-se uma conjuntura política de ruptura, com o movimento de massas ocupando las calles.

do motim à insurreição e desta à revolução?

ou o futuro repetirá o passado, com uma restauração de novos governos "progressistas" encarregando-se de reciclar a velha e decadente ordem burguesa?

Néstor Kirchner, Evo Morales e Rafael Correa elegeram-se impulsionados por poderosos movimentos populares demandando cambiarlo todo, porém a mudança se reduziu a um rearranjo para pouco mudar e nada ficar tão diferente.

sem encontrar à Esquerda ou à Direita quem lhe dê resposta, a crise de representação se alastrou por toda parte.

ela é consequência da crise sistêmica de um Capitalismo contemporâneo diante de seus limites e incapaz de se autoregenerar.

a única resposta possível vem pela ruptura: que se vaya tudo!

se o movimento de massas é a luta de classes viva ocupando as ruas, uma insurreição é aquele momento no qual andamos lado a lado com a História: o impossível se torna uma das possibilidades.

o Paro Equatoriano se deu num país secundário mesmo no contexto regional da América Latina.

o Levante Chileno ocorre no útero do modelo neoliberal periférico, justo onde foi inseminado pelos Chicago's Boys e parido pela ditadura militar agora também se defronta com sua tumba.

qual seria o impacto de um novo Junho de 2013 no Brasil?
na América Latina as ditaduras nunca acabaram. ainda perduram. sempre sob a chantagem das armas e a ameaça dos quartéis. Ditaduras na Democracia. Democracias "Protegidas" pelas Leis da Anistia, do Ponto Final, da Obediência Devida...


se todos pleiteamos o justo direito de viver em paz, isto só se torna possível quando formos capazes de vencer a guerra suja que nunca deixou se ser travada contra nós.
 
 
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - do Estopim ao Motim


vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - no son 30 pesos

 
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - Guerra de Classes


 
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - Renunciá Piñera


 

.

Nenhum comentário: