dissipa-se em chamas a miragem do oásis neoliberal periférico, revelando
a realidade infernal de uma guerra de classes travada em toda a América Latina:
a lumpenburguesia contra o povo.
assim como Junho de 2013 no
Brasil não foi por 20 centavos, no levante no Chile no son 30 pesos, son 30 años.
do estopim da juventude rebelde ao motim da multidão em movimento está
esgotado o duopólio chileno, sempre
pendulando no espaço restrito de uma Concertación
mantenedora da amaldiçoada constitucionalidade herdada da ditadura.
a sanguinária ditadura de Pinochet viabilizou pela
doutrina do choque o ultraliberalismo selvagem de Hayek e Friedman.
enquanto a caravana da morte percorria o Chile
a Operação Condor sobrevoava o cone sul, impulsionada pelo vento norte
da tortura, do assassinato e do desaparecimento.
Desaparecia-se muito naqueles dias. Desaparecia-se a olhos vistos e não
era miopia. Bastava que alguém visse um desaparecido e o desaparecido
desaparecia. Não, não era fácil ser poeta naqueles dias. Porque os poetas,
sobretudo - desapareciam.
agora estão novamente se abrindo as grandes
alamedas por onde há de passar o homem livre para construir uma sociedade
melhor.
a marcha da História não pode ser detida indefinidamente,
sendo sempre pelos passos insubmissos da juventude que ela retoma seu caminho.
Não há cova funda que
sepulte a rasa covardia. Não há túmulo que oculte os frutos da rebeldia. Cai um
dia em desgraça a mais torpe ditadura, quando os vivos saem à praça e os mortos
da sepultura.
de novo repete-se uma conjuntura política de
ruptura, com o movimento de massas ocupando las calles.
do motim à insurreição e desta à revolução?
ou o futuro repetirá o passado, com uma
restauração de novos governos "progressistas" encarregando-se de
reciclar a velha e decadente ordem burguesa?
Néstor Kirchner, Evo Morales e Rafael Correa
elegeram-se impulsionados por poderosos movimentos populares demandando cambiarlo
todo, porém a mudança se reduziu a um rearranjo para pouco mudar e nada ficar
tão diferente.
sem encontrar à Esquerda ou à Direita quem lhe
dê resposta, a crise de representação se alastrou por toda parte.
ela é consequência da crise sistêmica de um
Capitalismo contemporâneo diante de seus limites e incapaz de se autoregenerar.
a única resposta possível vem pela ruptura: que
se vaya tudo!
se o movimento de massas é a luta de classes
viva ocupando as ruas, uma insurreição é aquele momento no qual andamos lado a
lado com a História: o impossível se torna uma das possibilidades.
o Paro Equatoriano se deu num país secundário
mesmo no contexto regional da América Latina.
o Levante Chileno ocorre no útero do modelo
neoliberal periférico, justo onde foi inseminado pelos Chicago's Boys e
parido pela ditadura militar agora também se defronta com sua tumba.
qual seria o impacto de um novo Junho de
2013 no Brasil?
na América Latina as ditaduras nunca acabaram.
ainda perduram. sempre sob a chantagem das armas e a ameaça dos quartéis.
Ditaduras na Democracia. Democracias "Protegidas" pelas Leis da
Anistia, do Ponto Final, da Obediência Devida...
se todos pleiteamos o justo direito de
viver em paz, isto só se torna possível quando formos capazes de vencer a guerra
suja que nunca deixou se ser travada contra nós.
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - do Estopim ao
Motim
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - no son 30
pesos
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - Guerra de
Classes
vídeo: Chile Insurrecto - 2019 - Renunciá
Piñera
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