A poesia fugiu dos livros, agora está nos canais do Telegram.
As mensagens em árabe no Telegram do Hamas parecem conter referências a Drummond.
Mas, e se Drummond envelheceu? Enquanto o Telegram anuncia novidades que nós, cegos pela ofuscante claridade da zona de conforto, preferimos ignorar.
Fomos re-encontrar a poesia em ti, cidade arrasada,
na paz sepulcral de tuas ruas destruídas mas nunca resignadas, no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas, na tua invencível vontade de resistir.
Gaza, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio. Débeis em face do teu pavoroso poder, mesquinhas no seu esplendor de mármores incólumes e praias não profanadas, as pobres e acomodadas cidades, outrora gloriosas se renderam sem lutas, aprendem contigo o gesto de fogo e o grito de martírio.
Gaza, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos; de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais infraestrutura, nem hospitais funcionando nem trabalho nas lojas, todos foram obrigados a fugir, todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros na parede, mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol, ó minha louca Gaza.
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos, apalpo as formas esquartejadas de teu corpo, caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos decepadas e celulares estilhaçados, sinto-te como uma criatura sobre-humana, e que és tu, Gaza, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate, contra o céu, a água, o metal, o fósforo branco, o urânio despotencializado, a criatura combate, contra bilhões de dólares de ajuda norte-americana e mísseis teleguiados pela IA, a criatura combate, contra o frio, a fome, à noite, contra a morte a criatura combate,
e vence!
As Comunas podem vencer, Gaza!
Penso na vitória das Comunas, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo das areias;
Penso no colar entrelaçado das Comunas, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres, a grande Comuna em gestação assentará as suas indestrutíveis fundações.
As mensagens em árabe no Telegram do Hamas parecem conter referências a Drummond.
Mas, e se Drummond envelheceu? Enquanto o Telegram anuncia novidades que nós, cegos pela ofuscante claridade da zona de conforto, preferimos ignorar.
Fomos re-encontrar a poesia em ti, cidade arrasada,
na paz sepulcral de tuas ruas destruídas mas nunca resignadas, no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas, na tua invencível vontade de resistir.
Gaza, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio. Débeis em face do teu pavoroso poder, mesquinhas no seu esplendor de mármores incólumes e praias não profanadas, as pobres e acomodadas cidades, outrora gloriosas se renderam sem lutas, aprendem contigo o gesto de fogo e o grito de martírio.
Gaza, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos; de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais infraestrutura, nem hospitais funcionando nem trabalho nas lojas, todos foram obrigados a fugir, todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros na parede, mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol, ó minha louca Gaza.
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos, apalpo as formas esquartejadas de teu corpo, caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos decepadas e celulares estilhaçados, sinto-te como uma criatura sobre-humana, e que és tu, Gaza, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate, contra o céu, a água, o metal, o fósforo branco, o urânio despotencializado, a criatura combate, contra bilhões de dólares de ajuda norte-americana e mísseis teleguiados pela IA, a criatura combate, contra o frio, a fome, à noite, contra a morte a criatura combate,
e vence!
As Comunas podem vencer, Gaza!
Penso na vitória das Comunas, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo das areias;
Penso no colar entrelaçado das Comunas, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres, a grande Comuna em gestação assentará as suas indestrutíveis fundações.