19/05/2016
“Nós andávamos
pelas cidades, na Brecha. Eu estava aprendendo com ele a andar entre elas,
primeiro numa, depois noutra, ou em ambas. [...] Você está comigo aqui – nós
passamos no meio de uma multidão matinal cruzada. – Na Brecha. Ninguém sabe se
está vendo ou desvendo você. Não se assuste. Não é que você não esteja em
nenhuma: você está em ambas.”
“A cidade & a cidade”, China Miéville
em Junho de 2013 o
sistema de poder estabelecido com a Nova República começa a ruir, assim como
1977 marca o início do fim da Ditadura.
a partir de 1977
iniciou-se um longa e tortuosa travessia. a falência histórica do velho já acontecera, mas não sua falência
política. no vácuo deste interregno, através da luta entre os diversos setores
sociais, ocorre a construção de um novo sistema de poder. estamos hoje no meio
de uma destas arriscadas travessias.
com a fundação do PT
em 1980, até hoje o primeiro partido brasileiro surgido das lutas sociais de
base, um imenso e poderoso setor participa organizadamente da gestação de um
novo modelo político. até então sempre condenados a um papel subalterno, os
trabalhadores assumem inédito protagonismo. a Constituição de 1988 é a obra
ainda inacabada daquela travessia e as eleições de 1989 sua abortada
culminância política.
mas cada geração tem
sua missão, ou cumpre ou trai. a geração das “Diretas Já” tem fracassado
miseravelmente. aprisionada numa maldição, na qual se repete a ressaca
interminável de um dia seguinte que insiste em retornar.
como em 2016, com a
votação do impeachment de Dilma; como em 2015, com o “ajuste fiscal” de Dilma
Roussef; como em 2014, com a Lava Jato; como entre 2009 e 2014, com as
desonerações e incentivos para os grandes empresários; como em 2005, com o
Mensalão; como em 2008, com a operação Satiagraha; como em 2003, com a reforma
da Previdência de Lula; como em 2002, com a “Carta ao Povo Brasileiro”; como em
1999, com a crise cambial de FHC; como em 1994, com o Plano Real; como em 1993,
com o escândalo dos anões do orçamento; como em 1992, com o impeachment de
Collor; como em 1989, com o segundo debate entre Collor e Lula; como em 1985,
na posse de Sarney; como em 1984, com as Diretas Já; como em 1979, com a
anistia...
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