29 junho 2020

COVID-19: o que dizer?


resposta a um filósofo militante em sua crítica a uma liderança revolucionária.

há um genocídio em curso avançando por duas frentes: a COVID-19 e o ultra-liberalismo.

o que poderíamos dizer nosotros a todos aqueles acuados nesta desesperadora situação?

só diríamos a outrem aquilo mesmo que não paramos de repetir a nós mesmos!

somos todos nós os condenados da Terra, lançados no absoluto desamparo por uma classe dominante a todos nós odiando.

e neste desespero nenhuma ilusão deve restar: sempre foi nós por nós.

por não encaminhar qualquer proposta concreta para minimamente gerir a pandemia, omitindo-se frente a uma catástrofe desta magnitude, a burguesia brasileira torna-se "irrelevante".

como resultado há uma crise de hegemonia: a dominação só pode se impor pela coação e a violência, sem conseguir se exercer por meios ideológicos forjando consensos.

já não há nenhum "ganho" para a classe trabalhadora em submeter-se por consentimento à dominação burguesa.

cabe indagar: haveria alguma saída dentro da ordem?

porém, ao contrário do que possa parecer, a taxativa resposta de "não existir saída dentro da ordem" não é radical. está longe de ser suficientemente radical, num tempo de extremas radicalidades.

primeiro, porque a ruptura com a ordem implica também em abandonar formas de militância e de organização ainda situadas no interior dela.

como exemplo: o Militante e o Partido, compreendidos como Instituições, portanto instâncias de controle e neutralização da oposição à ordem.

depois, por não haver de fato nenhuma saída, seja dentro ou fora da ordem. a única alternativa é abrir portais de entrada para processos emancipatórios.

como viabilizar estes portais de entrada?

neste contexto de pandemia, é justamente a necessidade premente da luta pela saúde coletiva o que delineia o mapa para ser seguido.

encurralados por dois lados, a COVID-19 e o ultra-liberalismo, é também em duas frentes simultâneas que nosso movimento deve se dar.

a primeira frente é intervir na urgência desesperadora do imediato.

para isto são fundamentais as redes de solidariedade fornecendo cestas básicas, atendimento médico e todo tipo de assistência, inclusive em questões burocráticas, por exemplo, acompanhar o cadastramento para receber o auxílio emergencial.

além disto, as redes também cumprem uma função de intercâmbio de informações e experiências, colocando-se desde já como meio de articulação da 2ª frente de atuação.

sem ilusões em qualquer alternativa institucional, nos cabe construir um processo destituinte.

sendo esta a 2ª frente: a destituição de um mundo, para outros mundos poderem florescer.

e como se dá na prática um processo destituinte?

destituir não implica em atacar as instituições, e nem mesmo em criticá-las, pois o Poder Destituinte atua nos libertando de nossa dependência das instituições.

exemplo:

- destituir a medicina de mercado é nos tornarmos capazes de gerir coletivamente nossa saúde, a partir de técnicas alternativas e saberes ancestrais, conscientes de não ser possível estar saudável num meio ambiente doentio;

- destituir a indústria alimentícia­ se dá pela organização de coletivos capazes de produzir e colocar em circulação alimentação saudável;

- destituir um governo é se tornar ingovernável.

o processo destituinte se fundamenta na autonomia: auto-organização, auto-gestão, auto-suficiência e auto-defesa.

neste sentido, algum programa mínimo unificaria as lutas?

qualquer programa mínimo está muito além do máximo que a classe dominante aceitaria conceder.

e nenhuma força política institucionalizada pactuaria um programa mínimo estabelecendo um processo destituinte, por serem elas próprias parte daquilo a ser destituído - começando pelo princípio da representação.

é inútil investir tempo e energia para destruir um mundo agora desmoronando na frente de todos nós.

até mesmo porque nossos recursos tanto materiais, quanto de tempo e energia, são bastante limitados.

serão melhor utilizados na criação de outros mundos, aplicando-os diretamente em articular territórios autônomos baseados na auto-suficiência em energia, água, comida e saúde.

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18 junho 2020

COVID-19: um mundo em colapso





com a prematura suspensão do isolamento social, sem nunca ter atingido o índice necessário para impedir a propagação do contágio, hordas invadem os shopping-centers para se auto imolarem no macabro altar do Deus Capital.

numa crise de abstinência deflagrada pela quarentena, a compulsão pelo consumo se impõe ao instinto de sobrevivência: comprar é preciso, viver não é preciso!

para manter girando os moinhos satânicos do consumo supérfluo é preciso triturar os corpos dos trabalhadores, expondo-os à COVID-19.

trens, metrô e ônibus lotados são os atuais navios negreiros, trafegando das favelas e periferias com uma carga humana cuja perda nunca é excessiva: somos todos descartáveis e de imediata reposição.

com Bolsonaro, os Porões da Ditadura enfim ocupam o Palácio do Planalto, contudo permanece intocado o segredo oculto na Casa da Morte: o DOI-Codi da Ditadura jamais poderia operar sem bater continência aos Generais Ditadores, e muito menos sem o patrocínio dos grandes empresários.

Bolsonaro é o Capitão do baixo-clero da tortura: sargentos, policiais, milicianos, grupos de extermínio, esquadrões da morte.

Mourão é o General do grande capital: esta lama tóxica que expropria e destrói nossos recursos minerais e humanos.

Mourão e Bolsonaro não existem um sem o outro. assim como os grandes empresários não existem sem os dois.

aqueles mesmos grandes empresários acostumados a se reunir nas tardes de sábado na OBAN (Operação Bandeirantes), para em meio a orgias se excitarem com o suplício dos torturados.

assim como a Ditadura que os pariu, seus Porões foram um empreendimento civil-militar. financiados pelos grande empresários de São Paulo Ltda., comandados pelos Generais, sob gestão local dos Coronéis e execução operacional a cargo dos Delegados.

com o regime BolsoNazi e a crise sanitária da COVID-19, nunca como antes a classe dominante no Brasil revelou sua horrenda face. abutres cujo único projeto é a rapina de curto prazo e a manutenção perene do Brasil em condição neo-colonial e semi-escravagista.

perversos cuja fonte de prazer é a permanente tortura do povo e do meio ambiente. sádicos cujo jardim das delícias é o extermínio dos vulneráveis.

há uma parcela da população alinhada incondicionalmente, e definitivamente, com esta classe dominante: com suas idéias, seus valores, seu modo de vida. formam a base social do proto-fascismo brasileiro.

para estes, não há qualquer remissão possível. estão aprisionados um abraço de morte com o mundo agora desmoronando à frente de nós todos. e as ruínas deste mundo serão o seu jazigo.

para nosotros a tarefa premente é erguer outros mundos nas rachaduras deste mundo agora em colapso.

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07 junho 2020

COVID-19: modo de sobrevivência




enquanto entre alguns privilegiados ainda prospera o debate sobre a quarentena ser nada mais do que ferramenta de controle psico-social, o número ascendente de casos e de óbitos demonstra uma obviedade:

- o índice de isolamento permanece bem abaixo de necessário, levando ao extermínio dos vulneráveis.

um genocídio em marcha concretizando o mórbido desejo BolsoNazi de matar "uns 30 mil". e indo rapidamente além...

com o avanço descontrolado da COVID-19 no Brasil, devemos nosotros passar a operar em rigoroso modo de sobrevivência.

operar em modo de sobrevivência exige inicializar imediatamente procedimentos de autonomia: auto-gestão, auto-organização, auto-suficiência e auto-defesa.

assistimos diante de todos nós o desmoronamento de um mundo e o colapso de uma era.

este é o novo normal. não haverá retorno.

cada vez mais habitaremos num ambiente global hostil, contaminado pela combinação tóxica de ondas recorrentes de pandemias, crises financeiras, desintegração social, mudanças climáticas, empurrando-nos em direção ao caos, à barbárie e à extinção.

em plena peste, logo à frente nos aguardam os cavaleiros da fome, da guerra e da morte.

ninguém virá nos salvar. nenhum resgate em vista. ou lutamos, ou não sobreviveremos. e em nossa luta, somente podemos contar com nosotros.

só o Povo cuida do Povo. somente a organização popular autônoma de base é capaz de enfrentar a pandemia. é nós por nós. e todos nós por nosotros.

as pestes são geradas por um modo de vida predatório dos recursos humanos e naturais, sendo a indústria médico-hospitalar elemento integrante deste sistema.

por isto, a medicina de mercado não tem, e não terá, qualquer cura para a COVID-19. e nem poderia, por ser instrumento de lucro para a Big Pharma.

para a medicina de mercado a "saúde" é um bem lucrativo a ser comercializado para quem pode arcar com os altos custos de seu consumo. o mercado vende "saúde", mas vive mesmo é da doença.

a "saúde" não é uma mercadoria, e sim um complexo processo de equilíbrio dinâmico de uma biosfera em sua interconexão com as demais.

nenhum de nós pode estar completamente são num meio ambiente gravemente doente.

as patologias tem origem social e são historicamente determinadas. não há cura sem a erradicação das causas primárias da doença.

isto só se viabiliza com a mudança do modo de vida, através de relações sociais harmônicas com o meio ambiente, incluindo alimentação saudável, prática cotidiana não sedentária e uso de terapias alternativas: fitoterápicos, homeopatia, acupuntura, florais.

por outro lado, a COVID-19 potencializa as contradições intrínsecas de um Capitalismo em estágio degenerativo terminal, agravando uma situação já de avançada desigualdade sócio-econômica,

junto com a peste está vindo a fome: desarticulação das cadeias produtivas, desemprego em massa, precarização definitiva do trabalho, crise generalizada de abastecimento.

assim como a peste, também a fome só pode ser enfrentada por uma comunidade enraizada num território, baseada numa organização autônoma capaz de lhe fornecer energia, água, alimentação, saúde e auto-defesa: um movimento de reconexão com a terra e com o próprio planeta.

para nosostros, operar em modo de sobrevivência não se trata de tão somente continuar vivos, e sim dar vida a outros mundos frente a morte de uma era, que ameaça nos arrastar junto com ela para seu túmulo.

onde tudo termina, também algo pode renascer. façamos nosotros o parto dos outros mundos que desde sempre trazemos em nossos corações.

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