30 março 2019

Hy-Brazil: a impotência do Poder Militar

forte com os fracos e fraco com os fortes, pisoteando os de baixo e se curvando para os de cima, o Poder Militar brasileiro se notabiliza por sua impotência.

impotente para constituir-se como o "braço forte, mão amiga" e o "escudo e a espada" do Povo e da Nação, tem se prestado historicamente em ser a milícia privada do grande empresariado, a Garantia da Lei e da Ordem para o Capital.

assim como a Ditadura que os pariu, seus Porões foram um empreendimento civil-militar. financiados pelos grande empresários de São Paulo Ltda., comandados pelos Generais, sob gestão local dos Coronéis e execução operacional a cargo dos Delegados.

qual o segredo oculto na Casa da Morte? os porões da Ditadura jamais poderiam operar sem bater continência aos Generais Ditadores, e muito menos sem o patrocínio dos grandes empresários.

Bolsonaro é o Capitão do baixo-clero da tortura: sargentos, policiais, milicianos, grupos de extermínio, esquadrões da morte.

Mourão é o General do grande capital: esta lama tóxica que expropria e destrói nossos recursos minerais e humanos.


sempre foram muitos em nossa História os "Cidadão Boilesen", uma síntese emblemática do estrangeiro naturalizado brasileiro, para otimizar um projeto extrativista viabilizando-se pela tortura sistemática do Povo Brasileiro.

a ancestral tragédia brasileira mais uma vez se repete, agora como uma farsa de papéis invertidos: um Capitão-Presidente e o General-Vice. ambos a serviço de um setor dominante sócio minoritário dos interesses internacionais.

o encontro de Mourão na FIESP sela a reedição do pacto maldito entre as elites: “O governo Bolsonaro precisará enfrentar medidas antipopulares para que o Brasil progrida a longo prazo”.

as mesmas “medidas impopulares” rejeitadas por quatro vezes nas urnas, e para cuja aplicação foi necessário o Golpe de 2016.


os Generais estão diante desta esfinge. não há como decifrá-la sem também a devorar. e não há como devorá-la sem devorarem a si mesmos.

no plano externo, a impotência do Poder Militar brasileiro nunca antes neste país foi tão imensa.

em perfeita sintonia com a política bolsonariana de total submissão servil aos EUA, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil se valeu de entrevista à mídia estrangeira para ameaçar em tom de ultimato: "os militares russos que se encontram na Venezuela deveriam deixar o país se estiverem lá para sustentar a permanência de Nicolás Maduro na presidência".

por sua vez, os russos, com seu passado heróico de históricas vitórias contra Napoleão e Hitler, e atualmente na Síria impondo uma dupla humilhação aos EUA e Israel, houveram por bem serem cautelosos para não ignorarem a impotência do Poder Militar brasileiro, cujas mais recentes façanhas militares foi naufragar no atoleiro do Haiti e no lodaçal da intervenção no Rio de Janeiro.

apesar da potência verbal do Chanceler Ernesto Araújo, capaz de terraplanar "o fascismo e nazismo como fenômenos de Esquerda", as forças russas desembarcadas na Venezuela sob o comando do General Vasily Tonkoshkurov lá ficarão pelo tempo que for necessário.

talvez o tempo suficiente para os Generais tomarem consciência da impotência do Poder Militar brasileiro... ou não...

afinal, os Generais dão provas de estarem perdidos no túnel do tempo, em algum lugar do passado ainda em plena Guerra Fria, com a ordem do dia pautada por comemoração ao incessante combate a um anacrônico inimigo interno: "os vermelhos Comunistas".

os Generais acalentam o sonho impossível de pertencer à OTAN, para assim ficarem "protegidos" e terem as FFAA "modernizadas". nenhum escrúpulo é suficiente em seu alinharento incondicional aos EUA, o qual ainda concebem como suprema potência hegemônica e não Imperium decadente em decomposição.

afinal o que os Generais querem? se manterem perenemente como Capitães do Mato encarregados locais da implementação da Doutrina Monroe no quintal brasileiro?

num Brasil colocado no epicentro de uma Guerra Mundial Híbrida, rapidamente ultrapassando os limites de Guerra de 4a. e 5a. Geração, os Generais irão, de uma forma ou de outra, atualizar sua doutrina militar para incluir o incontornável conceito de Guerra de Mundos.

a cobra vai fumar? se depender dos Generais, sim! com a ressalva de sermos sempre nós aqueles que tomam fumo.

o que pretendem os Generais acerca dos nossos dois mais urgentes problemas: endividamento e renda?

fazerem ordem unida sob a voz de comando do super-Ministro Paulo Guedes, com sua receita de aprofundamento ultraliberal do austericídio?

perpetuar seus serviços a um setor dominante anti-Povo e anti-Nação, este sim o autêntico inimigo interno a ser combatido?

os Generais agem como se tivessem opção. mas não têm... nenhum de nós tem...


se há algum ponto positivo na Lava Jato & Associados é expor à luz do meio-dia os crimes da lumpenburguesia brasileira, comprometida historicamente com a pilhagem do meio-ambiente: natureza e população.

ou o grande empresariado é responsabilizado por seus crimes, dos quais o rompimento das barragens da Vale são emblemáticos, ou continuaremos aprisionados numa crise sem fim, da qual nada e ninguém sobreviverá.

caso os Generais não cumpram com as demandas históricas de libertar o Brasil de uma lumpenburguesia neo-colonial e semi-escravagista, mesmo assim a Guerra de Libertação será travada. mas será ainda mais brutal e traumática.

provavelmente os Generais ainda não se deram conta, mas marchamos de mais uma onda BolsoNazi, de tantas em nossa História, em direção ao momento Geisel, e deste ao momento Chávez.

déjà-vu.


p.s.:

"Nós não podemos fazer frente a ninguém! Se um país importante aí, bélico, nuclear, quiser aqui impor sanções a nós ou quiser, quem sabe, até partir para uma guerra de conquista — eu sei que hoje em dia isso quase não existe —, mas queiram usar do nosso país, as nossas Forças Armadas têm um poder de reação um tanto quanto pequena."

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26 março 2019

Hy-Brazil: guerra de famiglias (2)


26/03/2019

"Quem governar a ilha do mundo comandará o mundo."
Halford Mckinder, referindo-se a Eurásia, o HeartLand do planeta.

guerra de famiglias 16/06/2016: neste circo de horrores, os vampiros encenam sem qualquer talento seu teatro desprovido de qualidades. abutres bicam abutres, cobras devoram cobras. com a guerra de famiglias, sucedem-se as traições e perfídias. os poderosos chefões não tem qualquer plano para controlar as chamas que com tanta satisfação atearam.

enquanto um Brasil em Transe persiste em perambular sem rumo nas ruínas circulares de um labirinto sem saída, arrastando consigo o cadáver putrefato da Nova República, uma Guerra de Famiglias devora a tudo e a todos.

só a Antropofagia nos une (21/12/2016): uma lumpenburguesia empenhada desde suas origens em devorar a Nação e o Povo num picnic de abutres, enquanto prossegue em sua guerra de famiglias, a disputa interna pelo monopólio da pilhagem do Brasil, com cenas cada vez mais violentas de canibalismo explícito.

a lumpenburguesia engole o próprio rabo. sem qualquer misericórdia desta Nação. facção contra facção. fração do Capital contra fração do Capital.

o fim no Brasil do pacto da Nova República coincide com um realinhamento global do sistema de poder, num contexto de acirramento de crises financeiras e econômicas.

o setor dominante no Brasil está circunstancialmente dividido, refletindo internamente, mas não de forma direta, uma disputa global em curso, pois também o setor dominante global está rachado: o mundo unipolar contra si mesmo e contra todos os outros mundos.

o Capital globalmente financeirizado declarou guerra à humanidade e ao planeta, conduzindo em escala mundial um campanha genocida de extermínio. a definitiva guerra total contra tudo e contra todos.

frente ao surto esquizofrênico deste Capitalismo perplexo diante de seus limites, proliferam os sintomas mórbidos, criaturas monstruosas e fenômenos bizarros.

todas as máscaras caíram. nunca esteve tão flagrante a suprema palavra de ordem do Capitalismo: viva la muerte!

Rockefeller x Rothschild. JP Morgan x City. Pentágono x CIA. petrodólar x petro-yuan-ouro. Estado-Nação x Tirania Financeira Global.

rust belt x Big Tech. Tea Party x Partido Democrata. Democracia Liberal Representativa x Estado Pós-Democrático.

bancos comerciais x fundos hedge. complexo industrial militar x GAFA (Google, Amazon, FaceBook, Apple). Trump x Clintons. sistema SWIFT x cripto-moedas.

Make America Great Again x Nova Rota da Seda. um novo século norte-americano x BRICS. MAD (Mutual Assured Destrunction) x Singularidade Científica. apocalipse ecológico x armagedon nuclear.

soberanistas x globalistas. capital produtivo x capital fictício. keynesianismo fordista x 4a. Revolução Industrial. trabalho produtivo x trabalho improdutivo.

valor de uso x valor de troca. produtividade x obsolescência programada. trabalho produtivo x trabalho improdutivo. capital variável x capital fixo. mais-valia x tendência decrescente da taxa de lucro.

Macron x Coletes Amarelos. Nova Ordem Mundial x desordenada fragmentação global. barbárie x pós-capitalismo.

Vale x Rio Doce. overnight x dívida pública. Bolsonaro x Direitos Humanos. humanos de Direita x espécie humana. agronegócio x Cerrado e Amazônia. exportadores de commodities x Política Industrial. os Generais x soberania nacional. os porões da ditadura que perdura x negros, mulheres, índios, pobres.

banqueiros e rentistas x o Povo sem Medo. Ex-querda x movimento popular protagônico. o Brasil x os Brasis.

tanto aqui quanto lá, por toda parte o sistema de poder jaz em escombros. em meio aos destroços e das nuvens de poeira de uma demolição descontrolada, um caleidoscópio de multifacetadas forças políticas lutam entre si para conquistar uma nova hegemonia.

haveria algum refúgio onde se refugiar do caos? alguma ilha em meio ao naufrágio generalizado? não para dela "comandar o mundo", muito menos para sobreviver ao fim do mundo. mas talvez, e apenas talvez, para ali, naquela ilha, vivenciar um outro fim de mundo.

ilha (05/01/2017): havia uma ilha a ser descoberta, mas passou-se ao largo... como era mesmo no nome daquela ilha? Hy-Brazil... lugar encantado, visão do paraíso. magicamente surgindo de repente, apenas para logo desaparecer nas brumas, em águas ainda desconhecidas de um vasto oceano.

aqui e agora, os sa­pos, os insetos incessantes e as maritacas estão sempre presentes.
e num semitom abaixo: atenção!

maithuna.


vídeo: Solaris (1972) – cena final






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