“Se alguém
precisasse ir a uma casa fisicamente ao seu lado, mas na cidade vizinha, era
por uma estrada diferente em uma potência inamistosa. É isso que os
estrangeiros raramente compreendem. Um habitante de Besźel não pode andar
alguns passos até a porta ao lado em uma casa alter sem brecha.”
“A cidade & a cidade”, China Miéville
interregno. estamos numa travessia. a
falência histórica do velho já aconteceu, mas não sua falência política. neste
vácuo ocorre a construção de um novo sistema de poder, através da luta entre os
diversos setores sociais. quando o novo ainda não conseguiu nascer, surgem
os sintomas mórbidos, os fenômenos bizarros e as criaturas monstruosas. este é
o tempo que vivemos.
a falência do velho. o arcabouço institucional do país expirou sua
validade em Junho de 2013. desde então, a representação política entrou em
colapso. e agora, diante de todos, o sistema de poder está ruindo. qualquer
sobrevida deste modelo em escombros será um rearranjo de curta existência. há
também uma crise da “cúpula”, já não mais capaz de manter sua dominação como
antes. o setor dominante rachou: Marcelo Odebrecht condenado a mais de 19 anos
de prisão, Eduardo Cunha afastado e Kátia Abreu se manteve fiel no Ministério
de Dilma.
a ascensão do novo. na dinâmica da resistência ao golpe
repete-se o segundo turno das eleições de 2014. os principais responsáveis pela
eleição de Dilma não foram sua campanha oficial e seus marqueteiros milionários
guiados por pesquisas. foi o Povo sem Medo, os aguerridos eleitores que através
de suas inúmeras pequenas batalhas cotidianas conquistaram a memorável vitória da
candidatura que apoiaram.
um outro Brasil. há um novo Brasil se erguendo poderosamente.
a articulação da sociedade civil e a retomada do protagonismo dos movimentos
sociais são a ponta de lança de um outro Brasil, que surge dos escombros do
atual cerco à Democracia. enquanto as instituições se desintegram, uma
imensa, heterogênea e descentralizada
resistência se opõe ao cerco. embrião de um novo sistema de poder.
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