27 dezembro 2018

Brasil em Transe: a faca e o queijo, e a mão?

27/12/2018

"Aos amigos, tudo. Aos indiferentes, a Lei. Aos inimigos, a tortura."
sempre dito e repetido, dentro e fora dos quartéis, durante a Ditadura Civil-Militar (1964/1989).

o fim no Brasil do pacto da Nova República coincide com um realinhamento global do sistema de poder, num contexto de acirramento de crises econômicas.

neste perigoso e conturbado teatro de operações, os Generais tem uma guerra impossível pela frente.

o desempenho demonstrado na intervenção na segurança pública do RJ mostra o tamanho de seu despreparo para gerir a complexidade de um Brasil em escombros.

segundo o General interventor, todos os indicadores estão com viés de queda e a capacidade operacional dos órgãos de segurança foi recuperada, incluindo os valores.      

baseando-se exclusivamente em estatísticas convenientes e análises simpáticas, o General interventor orgulhosamente declara: "cumprimos nossa missão".

como sempre, o deserto do real não cabe na bolha da burocracia tecnocrática.

a recente mega-operação contra a milícia foi um fiasco. mesmo envolvendo 1.700 homens, dos 118 mandados de prisão apenas 27 foram cumpridos. o principal alvo, o líder da milícia local, conseguiu fugir. houve vazamento de informação.

missão dada, missão cumprida?

a realidade do dia a dia no varejo teima, ainda mesmo por agora e à luz do meio-dia, em contrariar o "viés de queda dos indicadores" apresentado pelo General interventor.

como poderia comentar, com lucidez e ousadia, o terceiro ditador do "MR-64" (Movimento Revolucionário de 31-MAR-1964): "Os indicadores vão bem, mas a segurança vai mal".

os Generais não poderiam hoje deixar de acrescentar: economia e povo vão mal. ao que nosotros retrucaríamos: mas se o povo vai mal, a economia de modo algum pode estar indo bem.

num diagnóstico correto, os Generais veem um Brasil à deriva e sem projeto para o futuro. ao que nosotros mais uma vez retrucaríamos: e qual Brasil projetam os Generais?

entre 1964 e 1968 os Generais adotaram uma política econômica recessiva. antes que a instabilidade resultante se tornasse incontrolável, Delfim fez a manjada mágica keynesiana do Milagre Econômico.

o bolo cresceu. ainda assim, nunca chegou a ser dividido antes de solar. sempre quem pagou a conta foram os trabalhadores.

agora vivemos inexoravelmente num outro mundo: não haverá retorno. nem aos supostos anos dourados do Lulismo. e muito menos ao milagre fake do "Brasil Grande".

se já não há mais viabilidade para qualquer terapia heterodoxa keynesiana, menos ainda quanto a um choque ultraliberal austericida.

enquanto Bolsonaro bate continência à ordem de um Imperium em decomposição, a macro-economia global jaz em profunda disfuncionalidade, com a mãe de todas as bolhas dando sinais de estar prestes a outra vez catastroficamente estourar.

por toda parte a Nova Ordem Mundial redundou numa desordenada fragmentação global. mas ao caos, o Imperium propõe nada mais do que ainda mais caos: "Hoje os Estados-Nação devem estar dispostos a abrir mão de sua soberania".

muito mais do que pelo voto anti-PT, Bolsonaro foi eleito por uma profunda e generalizada rejeição "contra tudo que está aí". um voto eminentemente anti-sistema.

e o que o sistema tem a oferecer? senão ainda mais endividamento e ainda menos renda, justo para quem demanda medidas urgentes para superar pouca renda e muita dívida...

se a lápide da Nova República é a dupla vitória de Bolsonaro (eleitoral e política), o túmulo do MR-64 foi cavado pela hiper-inflação, por uma faraônica dívida externa e por uma mega desigualdade social.

ironicamente, se foi por causa de uma crise global que os Generais anteriormente começaram a perder a solidez de seu chão,  é no bojo de uma outra crise iminente que marcham de novo ao comando do poder político.

novamente em Brasília, de onde, a rigor, nunca chegaram a sair, os Generais estão com a faca e queijo, mas e a mão?

"Duas batidas fortes e secas na porta da cozinha quebraram o silêncio noturno. Estava sozinho e raramente recebia visitas depois do anoitecer. Tampouco fazia sentido que tivessem batido na porta dos fundos.

Não reconheceu a pessoa. Era um homem de uns quarenta anos, corpulento, com aspecto de militar. Um coronel do Exército, foi a primeira coisa que pensou.

Convidou-o a entrar e se sentar à mesa da cozinha. Quase não trocaram palavras. Os cumprimentos de praxe e pouco mais.

O visitante abriu um notebook e acessou um vídeo que já havia separado. Apareceram três pessoas com uniforme militar e capuz escondendo seus rostos, com os pavilhões pátrios como pano de fundo.

Liam uma proclamação na qual ameaçavam juízes e promotores pelos processos que levaram à prisão oficiais por violações dos direitos humanos durante a ditadura, e anunciavam que providenciariam a libertação de seus "presos políticos".

Depois da exibição, o homem fechou o computador, se levantou, saudou-o e saiu pela mesma porta, que permanecera aberta.

Foi dormir sem dizer nada a ninguém. Mas é provável que tenha entendido a mensagem e agido em silêncio.

Sobre o caso das ameaças divulgadas no vídeo já havia uma investigação em curso. Acabou sendo arquivada. A advertência dos militares mais conservadores que acabou ficando só nisso.

E continuou a receber em sua casa no sítio ainda mais visitas do que antes."

"Uma Ovelha Negra no Poder. Confissões e Intimidades de Pepe Mujica", Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz

vídeo: A Facada no Mito - versão com narração


vídeo: A Facada no Mito - Novo vídeo, novas Revelações


vídeo: ADÉLIO BISPO FAZENDO RECONHECIMENTO DA AÉREA ANTES DO ATAQUE


vídeo: Capitão Nascimento X Capitão Bolsonaro


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18 dezembro 2018

Brasil em Transe: todos os Generais do Capitão

18/12/2018

os Generais jamais chegaram ao poder pelo voto. em 1964 o fizeram com as tropas e os tanques. o bloco dominante julgava que após a "limpeza" os militares voltariam aos quartéis. rigorosamente falando, desde então jamais voltaram. por que agora o fariam?

os Generais estão em êxtase com o mito Bolsonaro, pois lhes dá algo que nunca tiveram: carisma popular.

apesar de seus os Três Primeiros-Filhos, apesar do escândalo do WhatsApp, apesar do Bolsogate dos assessores, apesar dos apesares, todos os Generais do Capitão o manterão inexpugnavelmente blindado. mas o mesmo não se pode afirmar acerca de seus entornos...

temos diante de nós a arquitetura em andamento de um novo sistema de poder. como em 1964, as mudanças institucionais que a Esquerda não pode, não soube e não quis fazer, serão agora os Generais seus executores.

e a Esquerda, tal qual existia até as Eleições de 2018, tornou-se irrelevante.

mais uma vez cercados pelo eterno retorno das espirais de farsa e tragédia da História, estariam os Generais em forma, por assim dizer, para vencer a circularidade e impor a diferença?

Golpe de 1964: abre-se um novo ciclo de acumulação capitalista no Brasil baseado na concentração, internacionalização e superexploração (Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG).

Salário Mínimo: perda real de mais de 33% entre fevereiro de 1964 e março de 1968.

Concentração de Renda: 5% mais ricos aumentaram sua participação na renda nacional de 27,4% em 1960 para 36,3% em 1970.

Carga Tributária: 16% do PIB em 1963 para 23,8% em 1968.

Inflação: 25% em 1967 e 25,4% em 1968, bem acima dos 10% planejados e muito abaixo dos 79,3% em 1963.

PIB: abaixo dos 6% projetados, cresceu 3,4% em 1964, 2,4% em 1965, 6,7% em 1966, 4,2% em 1967, contra 8,5% a 10% durante o Plano de Metas de JK, 8,6% em 1961, 6,6% em 1962 e 0,6% em 1963.

Internacionalização: revogação dos artigos da Lei de Remessa de Lucros, que fixava um limite de 10% ao ano. empréstimos externos cresceram 65% entre 1964 e 1965, e os investimentos externos diretos triplicaram. abertura da exploração mineral a capitais privados e estrangeiros, com exceção do petróleo, do carvão e dos minérios ligados à área nuclear.


o caráter recessivo da política econômica leva ao acirramento da insatisfação social, inclusive entre setores da classe dominante, com a eclosão de grande manifestações de rua e a articulação da Frente Ampla de oposição.

o contra-ataque da Ditadura vem em pinça por duas frentes: o AI-5 aprofunda o estado policial e a repressão, enquanto  aumenta a ênfase no crescimento econômico.

sintomaticamente o Plano de Desenvolvimento Econômico (1968) não faz referências a metas de inflação. o PIB cresce 9,8% em 1968, iniciando-se o Milagre Brasileiro.

se o bolo cresceu sem nunca chegar a ser dividido, antes mesmo do impacto do Choque do Petróleo (1973) a solidez do "Brasil Grande" já começara a se dissolver no ar com o Crash das Bolsas no Brasil e o fim do padrão monetário Dólar-Ouro, ambos ocorridos em 1971.


além, é claro, a gigantesca incapacidade de trazer à luz do meio-dia as infâmias ocorridas nas trevas dos porões da Ditadura Civil-Militar.

Paulo Guedes, Roberto Campos, Delfim Netto, Mário Henrique Simonsen, Reis Veloso. Maluf. Paulo Maluf, o candidato civil do General-Presidente João Figueiredo - o último Ditador.

Paulipetro. Lutfalla. Camargo Corrêa. General Electric. Capemi. Coroa-Brastel. Grupo Delfin. Itaipu. Ponte Rio-Niterói. Transamazônica. Fraude do Farelo. contrabando na PE. Kruel. Amaury Kruel e suas malas de dinheiro.

Rua Tutóia. Ultragás. Operação Condor. Fleury. Malhães. Molina. Baumgartem. Tenente Odilon. Zé do Ganho, Pejota, Mariel Mariscot. todo grupo de extermínio acaba exterminando seus próprios membros.

a tortura que jamais houve, mas sempre existiu. a corrupção que não havia, mas sempre esteve lá. um Brasil feito por nós, mas desfrutado por eles. Ditadura nunca mais, ainda que perdure.

o maior e decisivo erro dos militares sempre foi supor ser possível desenvolver um país sem acionar o seu mais valioso recurso: o Povo.

muito mais do que pelo voto anti-PT, Bolsonaro foi eleito por uma profunda e generalizada rejeição "contra tudo que está aí". um voto eminentemente anti-sistema.

entretanto, ninguém melhor do que Bolsonaro para representar o que há de pior na classe dominante no Brasil: elitista, autoritária, machista, homofóbica, racista, discriminatória, preconceituosa, servil aos interesses externos, reacionária e de forte viés fascista.

ainda mais: quem tem sido os Generais senão o braço armado deste sistema? sempre um sistema político subordinado ao sistema econômico, do qual os Generais são a Garantia da Lei e da Ordem a serviço do grande Capital.

não importa quantos sejam os Generais do Capitão, eles já estarão de antemão derrotados caso não compreendam a especificidade de uma conjuntura completamente diferente de 1964 e de 1968,  frente a qual não há viabilidade para qualquer estratégia "lenta, gradual e segura".

as justas e urgentes demandas de uma população com pouco rendimento mas muito endividamento não lhes baterão continência, tampouco serão superadas na base do "prendo e arrebento" e "cadeia ou exílio".

estariam os Generais dispostos a quebrar seus próprios paradigmas e implementar medidas anti-sistema?

uma impiedosa, mas sempre magnânima História lhes estende a mão. afinal o que os Generais querem? mais uma vez tristemente se apagarem?
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17 dezembro 2018

Brasil em Transe: SitRep BolsoNazi - 02

17/12/2018

- após serem capitaneados triunfalmente de volta ao governo montados num cavalo chucro, afinal o que os Generais querem?

- a História é impiedosa, mas magnânima. sempre há muitas chances;

- teriam os Generais aprendido algo com a infâmia de seus porões e o fracasso de seu Milagre? ou o atoleiro do Haiti e o lodaçal da intervenção no Rio de Janeiro são provas recentes de que nada mudou? quem matou Marielle? e o suicídio do Gal. Urano e o "infarto fulminante" do Gal. Jaborandy?

- o conjunto do sistema global de poder está em transformação. apesar de periférico e dependente, o Brasil sempre teve uma função central neste sistema de poder: como fornecedor de matéria-prima barata, abundante e imprescindível para os sucessivos ciclos de expansão da economia mundial;

- a guerra comercial entre EUA e China é uma cortina de fumaça para encobrir o que de fato está em jogo: "o primeiro estágio de uma nova corrida armamentista para conquistar superioridade tecnológica de  longo prazo via Computação Quântica, Inteligência Artificial, Aviões de Guerra Hipersônicos, Veículos Eletrônicos, Robótica e Segurança Cibernética";

- até 2025 a China pretende substituir importações, para sua demanda ser atendida por produção própria em cerca de: 40% dos chips de celulares, 70% dos robôs industriais, 75% dos componentes básicos e 80% dos equipamentos de energia renovável;

- a indústria mundial de semicondutores é atualmente dominada por apenas seis empresas, nenhuma delas sediadas na China;

- o Brasil é o maior produtor de nióbio do mundo. o país detém cerca de 98% da reservas mundial desta matéria-prima usada na produção de semicondutores;

- Bolsonaro bate continência a um Imperium em decomposição, por toda parte a Nova Ordem Mundial redundou numa desordenada fragmentação global. a degradação das condições de vida da população dos EUA tem sua contraparte numa maioria da população chinesa submetida cotidianamente à tirania de um estado policial;

- a China não será nenhum hegemon dedicado a "construir um mundo desenvolvido, inclusivo e de paz". ao contrário, tende a ser ainda pior do que os EUA. um alinhamento incondicional do Brasil à China é tão, ou ainda mais, prejudicial quanto aos EUA;

- em transe, o Brasil continua vagando em num interregno. nenhum sistema de poder ainda em estruturação para se impor no vácuo da decomposição da Nova República. apenas sintomas mórbidos, criaturas monstruosas e fenômenos bizarros;

- a Esquerda brasileira fracassou. não apenas o Lulismo, todos! desde os progressistas até os radicais. o ciclo da redemocratização encerra-se com a volta dos militares à Presidência. o Brasil desperdiça sua chance de se tornar um dos principais tijolos dos BRICS, para viabilizar a construção de um mundo multipolar;

- a dimensão da gigantesca derrota da Esquerda no Brasil pode ser aferida na comparação entre duas situações: Lula apodrecendo numa cela fria numa sempre nublada Curitiba e os dois bombardeiros estratégicos russos pousando em Caracas;

- sempre tão obcecados em impedir o resgate do passado por parte das Comissões da Verdade, os Generais estão diante de um inesperado acerto de contas com seu fracasso anterior, quando tudo parecia tão sólido durante o Milagre Econômico;

- num Capitalismo Global em crise, não há qualquer viabilidade para uma neo-colônia semi-escravagista com 210 milhões de habitantes. esta é a verdade com a qual os Generais vão se encarar. não haverá como mantê-la em algum porão ou numa casa da morte.

o jogo não está jogado. ainda rolam os dados.

"- Chame o Capitão Maurício. Diga que é o Clamart, comandante militar da ALN.
- Alô. É você mesmo, seu terrorista filho-da-puta, quer se entregar ou agora se diverte passando trote?
- Filho-da-puta é você que tortura prisioneiros. Eu e Bacuri presenciamos a prisão de Letícia. Ela está grávida e foi afastada da militância direta. Não adianta torturá-la, não conhece nenhuma esquema, não pode entregar ninguém. Tenho uma proposta. Trocamos a vida dela e do bebê pela vida do general-comandante do II Exército.
- Está blefando, Clamart. Não tem condições de cumprir esta ameaça.
- Sigo o general há tempos. Localizei o fusca vermelho que ele usa para visitar a amante, incógnito e sem seguranças.
- Seu terrorista de merda. Eu te pego mais dia menos dia. Terei o prazer de te encher de porrada e de choque nos culhões. Te matar bem devagar.
[...]
- Alô, Clamart, o trato foi aceito. Apresentaremos Letícia à imprensa. Em troca vocês não divulgam a história do fusca e da amante do general.
- Fechado. Mas saiba que você não está incluído nisto. Se o encontro, mando bala, criminoso demente."
{fonte: "Viagem à Luta Armada", Carlos Eugênio Paz}


vídeo: RT correspondent witnesses landing of Russian Tu-160 bombers in Venezuela

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30 novembro 2018

Brasil em Transe: SitRep BolsoNazi - 01

30/11/2018

- renda, emprego, inadimplência, insegurança e corrupção são as principais, urgentes e justas demandas da população brasileira;

- frente a estas demandas Bolsonaro nada tem até o momento a oferecer, apenas diversionismo e cortinas de fumaça (transferência da Embaixada brasileira para Jerusalém, "Escola sem Partido"), além de medidas fadadas as agravar ainda mais (Contra-Reforma da Previdência, privatizações, fim do programa "Mais Médicos");

- como o poder não muda as pessoas, apenas revela quem elas realmente são, Bolsonaro ainda nem iniciou seu governo e o slogan de campanha "Brasil acima de tudo" já se revelou como um boné de apoio a "Trump 2020" e continências para sub-autoridades norte-americanas;

- sendo um homem sem qualidades, cuja excelência se restringe a expor a banalidade do mal, Bolsonaro acredita piamente não apenas em tudo que diz e que prega, mas principalmente em tudo que lhe dizem e que lhe pregam: idéias e valores de uma classe dominante cujo projeto para o Brasil nunca deixou de ser neo-colonial e semi-escravagista;

- o exercício do poder lhe trará inexoráveis revelações, a mais trágica de todas a respeito de seu próprio desmascaramento: tateando na cegueira de um labirinto, apanhado num jogo de poder muito além de sua limitada compreensão, sujeito à traição de pessoas próximas e sob ameaça permanente de morte;

- dentro do Palácio o Capitão-Presidente estará cercado pelos quatro lados: os Generais da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para o Grande Capital, o Imperador da Economia Rentista (Paulo Guedes), o Xerife da Colônia Exportadora de Commodities (Sérgio Moro), além de, é claro, por seu próprio clã (os Três Primeiros-Filhos);

- no front interno forças terríveis assolam seu corpo, fustigam sua saúde e debilitam seu estado geral. após a colostomia, o apologista da força bruta e defensor da solução final para seus opositores se apresenta instantaneamente envelhecido e visivelmente fragilizado;

- com aliados como os CEO da Teologia da Prosperidade, Bolsonaro não precisará de inimigos. úteis para ganhar as eleições, pelo poder de fogo na captação dos votos dos fiéis, serão base de incessante instabilidade, e não de apoio sólido, devido a seu projeto próprio de poder e  suas intrincadas ramificações com o mercado negro da economia subterrânea;

- como indicador de ministros e conselheiro político, Olavo de Carvalho é um péssimo astrólogo. rapidamente os Três Primeiros Filhos aprenderão que o deserto do real se expande muito além do play-ground dos condomínios fechados, das bolhas do FaceBook e dos grupos privados do WhatsApp;

- para ter algum resultado na Guerra à Corrupção, Sérgio Moro precisará invadir o coração das trevas do sistema financeiro. limite jamais ultrapassado em 5 anos de Lava Jato & Associados, uma investigação concebida para ser arbitrária, seletiva, partidária e, portanto, venal e corrupta;

- mesmo se tentar, não há qualquer chance de Paulo Guedes viabilizar uma economia rentista com desenvolvimento e inclusão social. ao contrário de 1964, Brother Sam já não dispõe nem de vontade, tampouco dos recursos, para bancar a conta de alavancar o crescimento econômico em alguma colônia com mais de 200 milhões de habitantes;

- excitados com seu retorno ao centro do tabuleiro do wargame no Brasil, mas sempre nada cônscios de sua real competência (mesmo após o atoleiro do Haiti e o lodaçal da ocupação das favelas cariocas), aos Generais caberá sucessivas sessões de choque e pavor;

- paralisados no tempo e no espaço, com sua doutrina militar ainda congelada na Guerra Fria, os Generais da GLO para o Grande Capital se verão face a face com um inesperado impasse. ou se limitam a um desmoralizante papel de tropa de ocupação em seu próprio pais. ou encaram o impensável: o ressurgimento de um autêntico nacionalismo nas FFAA brasileiras, com suas inevitáveis consequências em relação à geopolítica mundial;

- o regime BolsoNazi presta uma enorme serviço ao país. tudo agora está exposto como é. como sempre foi. e como precisa deixar de ser. desde uma classe dominante tosca, grotesca, inculta, incompetente, violenta, servil aos interesses externos e com seu imenso ódio ao Povo e à Nação. até uma Esquerda pelega, institucional, eleitoreira, obsoleta, incapaz de inteligência estratégica para encarar a Guerra na Era da Informação;

- num Brasil colocado no epicentro de uma Guerra Mundial Híbrida, rapidamente ultrapassando os limites de Guerra de 4a. e 5a. Geração, os Generais irão, de uma forma ou de outra, atualizar sua doutrina militar para incluir o incontornável conceito de Guerra de Mundos;

- estamos todos condenados. ou nos tornamos uma grande potência, viabilizando a multipolaridade dos BRICS, ou sucumbimos na extinção;

- um outro mundo é possível? ou é preciso sempre ir além? o que precisamos é de um outro fim de mundo.


vídeo: Primavera Fascista - Bocaum, Leoni, Adikto, Axant, Mary Jane, Vk Mac & Dudu

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15 novembro 2018

Brasil em Transe: paralisia progressiva (2)

15/11/2018

"Eu pensei... Estamos aqui apontando armas para a população brasileira. Nós somos uma sociedade doente!"
(sobre a Ocupação do Complexo da Maré - Rio de Janeiro)

a cabeça ordena, mas o corpo recusa-se a obedecer a voz de comando. a mente permanece lúcida, mas a carne jaz entorpecida. o pensamento viaja veloz, mas a musculatura se entreva na  imobilidade.

progressivamente a paralisia se impõe às funções motoras. é imperativo agir. mas como se colocar em ação sem deflagrar rupturas? como suportar rupturas se tudo deve mudar apenas para permanecer o mesmo?

10/07/2018: situações-limites expõe a necessidade de se romper com aquilo que já está morto, para poder renascer para a vida, rompendo com a paralisia progressiva imposta pela estagnação e pelo impasse de uma morte em vida.

pensei. pensei. pensei. então, acabou sendo tudo o que conseguia fazer...

"Apuradas todas as opiniões e vontades do oficialato, Villa Boas, com dificuldades notórias até para falar, naquela noite, altas horas, buscou aplacar os ânimos, porque já tinha oficial graduado pronto para pôr a tropa na rua em direção à Brasília.
Passava das altas horas quando a solução provisória foi sugerida por um pequeno colegiado de militares moderados:
Colocar um general da reserva, porque se fosse da ativa, ofenderia e o clamor seria muito maior, que conhecesse a tropa e o oficialato, e fosse calmo, convincente, culto, político e cerebrino, no seio do STF, recaindo a escolha sobre Fernando Azevedo e Silva."

em mais um Dia da Proclamação da República o que há para comemorar? uma quartelada de oligarcas? uma Independência que nunca houve? uma redemocratização incompleta? uma soberania tutelada?

uma Democracia de poucos, para poucos e por poucos? a Res-pública dos homens de bens?

não há nenhuma onda reacionária, assim como não haverá nenhuma Democracia a restaurar. estamos onde sempre estivemos. nunca tivemos de fato relações sociais democráticas. e sempre estivemos mergulhados num oceano reacionário, violento, misógino, homofóbico, racista, elitista, autoritário...

"Tem mais presidente dos EUA nome de rua aqui no Brasil que no país natal deles! Tem general da ditadura em cada canto do pais eternizado em prédios, ruas, pontes e monumentos!!!!"

contemplai o crepúsculo de uma era. em seu último por do sol surge uma terrível mensagem: o Brasil precisa passar por Bolsonaro.

quem quer avançar para além de neo-colônia semi-escravocrata, tem que passar por uma Guerra de Independência. algo sim que jamais tivemos. não obstante uma História repleta de levantes populares e rebeliões dos oprimidos.

a soberania e a independência só podem ser conquistadas e nunca outorgadas.

02/10/2018: Bolsonaro não é um caso isolado, não é um ponto fora da curva, não é uma aberração materializada do nada. Bolsonaro encarna fidedignamente as idéias e valores não apenas do grande empresariado, como de seus associados e serviçais, deixando exposta a face horrenda da lumpenburguesia brasileira.

com a chegada do Capitão não é mais possível fingir não estarmos em plena grande extinção. nenhuma paralisia progressiva conduzirá a qualquer descanso em paz. nenhuma pax nos salvará. só a Antropofagia nos une.

em 1971, a ALN e o MRT efetuaram uma operação até hoje pouco conhecida: a captura do então comandante do II Exército. o grupo chegou a render o general e sua escolta. mas foram traídos. a informação vazara e quatro viaturas do DOI-Codi os cercaram.

com todos sob a mira de armas, o sucessor de Marighela e Toledo, Carlos Eugênio Paz ponderou apontando um fuzil: "- General, vai morrer muita gente hoje aqui. E a primeira rajada será no seu peito."

ao que o General Humberto de Souza Melo retruca por duas vezes em voz alta, num tom de comando para os soldados: "- Hoje não vai morrer ninguém aqui."


o "diálogo" e a "negociação" com a lumpenburguesia no Brasil só se viabiliza por uma coexistência nada pacífica garantida por uma permanente dissuasão "armada".

a força só entende a linguagem da força. o poder só teme o poder. a hegemonia só pode ser derrotada pela contra-hegemonia.

fora disto, continuaremos em paralisia progressiva.

“E é assim que a consciência nos transforma em covardes, é assim que a força inicial de nossas resoluções se debilita na pálida sombra do pensamento e é assim que as empreitadas de maior alento e importância deixam de ter o nome de ação.”
em algum trecho de “Hamlet”, eis a questão: poderíamos ter sido, mas nunca seremos.

12 novembro 2018

Brasil em Transe: a grande extinção

12/11/2018


a rendição sem resistência de Lula e a eleição consagradora de Bolsonaro são os dois grandes marcos do fim de uma era.

não apenas chega ao fim a Nova República, junto com ela se acaba a dupla gerência PTucana de um mesmo projeto neoliberal periférico.

mas resta uma Ditadura que perdura.

ao longo do tempo sempre se impondo a uma inconsistente redemocratização. de modo lento, gradual e seguro o Estado policial levanta-se redivivo de seus porões, para de novo caminhar orgulhoso entre nós.

há uma grande extinção em marcha.

a geração das Diretas Já se despede humilhada por um definitivo fracasso e acompanhada de suas últimas quimeras.

confirma seu falecimento uma quase totalidade de analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e militantes.

um cortejo fúnebre de melancólicas auto-ilusões e reincidentes negações da realidade. quanto mais dá errado, maior a teimosia quanto a seguir o mesmo rumo em direção ao fundo de um abismo de abismos...

restará alguém?

mesmo aquela juventude insurrecta de Junho de 2013, agora jaz cativa das pautas identitárias e confortavelmente anestesiada pelo empoderamento do lugar de fala.

a voz rebelde se deixou domesticar pelas malditas elecciones, que ficam para sempre longe demais.

a interdição da crítica promovida pelo Lulismo gerou as condições acríticas necessárias para a ascensão de Bolsonaro.

despolitização e desorganização. individualismo e consumismo. moralismo e autoritarismo. teologia das prosperidade e falência institucional.

há uma grande extinção em marcha.

trata-se de uma grande extinção de formas-de-vida. de modos de viver. de maneiras de se relacionar. portanto, vivemos no Brasil o fim de um mundo.

não haverá retorno. nenhuma pax nos salvará.

04/02/2017: uma extinção em massa povoara aquele vale dos mortos com criaturas bizarras e monstruosas. corpos sem almas vagando por uma escuridão sem forma. os anteriormente chamados de brasileiros padeciam de vários os tipos de patologias. diversas enfermidades físicas e múltiplos transtornos mentais.

se todos experimentam, de uma forma ou de outra, dissolução de seu ego denominado de “normal”, num mundo surreal e numa sociedade hiper-normalizada pode aquilo denominado de “loucura” ser um processo em direção a cura natural?

tudo que havia para ser dito, dito já o foi. tudo que havia para ser escrito, escrito já está.

11/01/2018: a criação de outros modos de viver, não encapsulados pelas formas-de-vida, implica em ficar face a face com o caos. sem passar pela fase do caos nenhuma criação é possível. para criar a si mesmo e inventar sua própria vida, é preciso enfrentar os perigos da loucura, da prisão, da doença e da morte.

25/10/2017: há também uma potência no caos. se é através da arquitetura do caos que pretendem nos destruir, é deste mesmo caos que ergueremos nossa criação.

03/08/2016: sob o peso do asfixiante sol negro da nova ditadura que desponta, enquanto os necrófilos saboreiam seu banquete, somente os antropofágicos atravessarão o vale dos mortos.

17/05/2016: quando o velho já morreu e novo ainda não conseguiu nascer, surgem os sintomas mórbidos, os fenômenos bizarros e as criaturas monstruosas.

ainda perambulamos sem direção no interior de um interregno.

jamais sairemos deste labirinto sem nos desvencilharmos por completo das correntes, como invertidos fios de Ariadne, mantendo-nos atados ao centro da armadilha: o Minotauro do Lulismo.

não há qualquer futuro para a Esquerda no Brasil caso não rompa toda e qualquer vinculação com Lula e o Lulismo.

deixemos que os mortos enterrem seus mortos. e nos dediquemos a construir coletivamente um novo modo de viver.


vídeo: Sweet Child o' Mine - Capitão Fantastico (LEGENDADO)

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08 novembro 2018

Brasil em Transe: o Capitão chegou

08/11/2018


quem está mais atônito com a vitória da onda BolsoNazi?

uma Ex-querda perdida no tempo e no espaço, arrastada ao buraco negro por seu abraço de suicidas com o Lulismo?

ou o próprio Bolsonaro? perplexo em ter chegado lá, enquanto tudo sempre não passara de bravatas de tapas e tiros...

sim, o Capitão chegou, mas nem mesmo ele sabe com certeza ao que veio.

ao menos sabe que nada sabe. não é o mais capacitado. mas com a certeza de ter sido eleito, não apenas pelo povo como por um chamado do D-us de Israel.

sem plano de governo, sem equipe, sem experiência de gestão.

cercado de filhos bajuladores, "irmãos" bajuladores, generais de pijama bajuladores do país alheio, Chicago's Boy temporão bajulador de Wall Street e bispos neo-pentecostais bajuladores da Terra Prometida do Sionismo.

rodeado de tanta bajulação, o "mito" se defrontará com uma dura realidade que não o bajulará de modo algum. o mundo virtual da pós-verdade fica em definitivo nas telas restritas e diminutas dos aparelhos celulares.

demandas urgentes  incapazes de serem resolvidas na base do "prendo e arrebento". fatos e dados insubmissos à prisão nas bolhas de fake-news. uma crise global do Capitalismo muito além de qualquer solução do tipo "cadeia ou exílio".

se Bolsonaro expressa o encontro tardio de um Brasil genocida e com forte viés fascista consigo mesmo, o Capitão-Presidente passará por seu encontro inexorável com o Brasil - algo que nunca esteve de fato em seus propósitos.

embora acredite piamente ser ele mesmo o autor do script que representa, não sem certa dificuldade,  Bolsonaro prossegue dentro do labirinto, apanhado num jogo de poder muito além de sua limitada compreensão.

como parte de um processo de desmascaramento, no qual tudo e todos são obscenamente expostos, Bolsonaro se descobrirá como apenas mais um personagem em busca de algum autor, o qual para ele permanecerá sempre desconhecido.

neste sentido, a facada foi apenas o início de um enredo complexo feito de muitas camadas entrelaçadas, misturando dissimulação, engodo, jogo duplo, chantagem, traições, mortes, reviravoltas.

déjà-vu. tudo isto já aconteceu muitas vezes. Castelo Branco e Costa e Silva. JK, Jango e Lacerda. Eduardo Campos e Teori Zavascki. Sérgio Fleury e Baumgartem. eles, vós, nós, ele, tu, eu...

tão ou ainda mais aturdida que Bolsonaro, a Esquerda Lulista recusa-se a se render à realidade de seu fracasso, de sua incompetência, de sua capitulação, de seus erros repetidos, de seus exaustivos colapsos.

completamente cativa de suas narrativas tão falsas quanto os zaps bolsonarianos, oscila entre a síndrome de pânico e o surto de fúria.

morta de raiva do "pobre de Direita" que não sabe votar. morta de medo de um Estado policial que afinal nunca deixou de sê-lo. morta! morta, mas que se recusa enfim a morrer, para poder renascer.

impossível ser feliz de novo. não haverá retorno. data de validade vencida, só lhe resta reinventar a si mesma. mas isto é tudo que nunca pretendeu fazer.

dada sua completa falta de vocação para ser "opositor", Haddad jamais se tornará "líder da oposição", conforme foi nomeado por Lula - este pai de postes que não param em pé.

Haddad será tão relevante daqui para a frente quanto Dilma foi após o Golpeachment.

seu protagonismo na luta contra o fascismo e o Estado policial será equivalente ao imenso vazio da contribuição somada por Fernando Pimentécio ou pelo exército de Stédile - para não citar Wagner Freitas e sua conclamação: "às armas, miltância".

são duas as pedras fundamentais de uma outra Esquerda a se erguer no Brasil:

- o exercício constante e inclemente do pensamento e da postura crítica;

- o compromisso inexpugnável com a organização autônoma da população.

sem uma rigorosa e implacável análise crítica dos dados e dos fatos, e sem se defrontar com as conclusões e consequências desta análise, é impossível construir auto-conhecimento. sem auto-conhecimento nenhuma auto-transformação se concretiza.

foi exatamente o contrário aquilo que se tornou hegemônico na Esquerda: não se pode criticar o próprio campo!

esta é uma inversão causadora de nossas derrotas reincidentes, de nossos fracassos repetidos.

denúncias e críticas aos nossos inimigos são inócuas. eles não vão mudar por causa disto! nenhum efeito produzem a não ser uma catarse estéril.

só podemos mudar a nós mesmos e ao nosso campo.

aos nossos inimigos, devemos conhecê-los, aos seus objetivos, suas estratégias e táticas, para melhor combatê-lo - mas não com críticas e denúncias, e sim com ações.

por outro lado, só com a retomada imediata de um processo massivo de organização popular autônoma pela base, nos locais de moradia, trabalho e convivência (incluindo a web) seremos capazes de derrotar os golpes que sobre nós venham a se abater.

contudo, nenhuma base social jamais ganhou consciência por causa de belos discursos, mesmo com as mais sólidas argumentações e as mais exortativas palavras de ordem.

não se trata de "fazer a cabeça do povão", como se fôssemos missionários catequistas evangelizando pagãos para convertê-los em militantes organizados.

é em seu processo de auto-organização, na luta por melhores condições de vida, que a sociedade transforma a si mesma.

cabe a vanguarda ser catalisadora deste processo, sempre se colocando a serviço dele. pois nele a consciência política dá saltos gigantescos.

assim, não há nenhum "povo" a conscientizar. quem gera consciência é a luta. é na luta que se estabelecem outras relações sociais. portanto é a luta quem cria o seu Povo.

com a chegada do Capitão, nos encontramos todos frente a frente com as consequências de uma inadiável constatação: nunca antes neste país tivemos algo o mais remotamente assemelhado a uma Guerra de Independência.

agora estamos diante daquele que sempre foi o projeto de Brasil em conformidade com a classe dominante: uma neo-colônia semi-escravocrata.

se desejamos soberania e liberdade, só nos resta lutar por elas.
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30 outubro 2018

Brasil em Transe: descansem em paz

30/10/2018

a violência disseminada por BolsoNazi rapidamente se tornará um tiro pela culatra, porque será inevitável a frustração do eleitorado com mais um estelionato eleitoral.

renda, inadimplência, insegurança e corrupção são as principais e urgentes demandas da população. perante elas o modo de ser BolsoNazi vai se somar às causas, sem nunca fazer parte da solução.

Bolsonaro não tem nenhuma proposta para sequer mitigar a crise econômica, colocando dinheiro no bolso do povo e repactuando a inadimplência. e nem poderia ter, posto ser  representante do grande Capital.

exatamente como Lula fez em 2003, e como também Haddad já se comprometera caso fosse eleito, o ato de inauguração do regime Bolsonariano será mais uma contra-reforma da previdência. seus eleitores assistirão a tudo, bestificados.

como fica patente na intervenção militar na área de segurança pública do Rio de Janeiro, a violência gerada pela violência de um estado de exceção econômica não pode ser superada prioritariamente pela via penal e policial.

do mesmo modo, "a corrupção nossa de cada dia" não passa do efeito epidérmico de um modelo de negócio altamente oligopolizador. no qual as vantagens comparativas não passam de uma concorrência pela inovação e eficiência quanto ao mérito de se estabelecer como o melhor corruptor.

para quem sempre desfraldou a bandeira da força bruta, do tapa e do tiro, apologista da ditadura, defensor da tortura e da eliminação física dos opositores, a imagem de Bolsonaro em seu primeiro pronunciamento após ser eleito é a de um homem combalido, instantaneamente envelhecido e com baixa efusividade num momento de vitória consagradora.

diante da evidente fragilidade, fica impossível não questionar qual a real condição de saúde do Presidente eleito.

seja pelo medo do fascismo ou pelo ódio do PT o vencedor foi o #EleNão. como não  há projeto político fundamentado pela exclusão, fomos todos derrotados e o grande Capital segue sendo sempre o grande vencedor.

conforme exasperadamente anunciado, para o Lulismo as Eleições de 2018 ficam para sempre longe demais. um previsível e melancólico desfecho de uma estratégia de enfrentar o Golpe de 2016 pela via eleitoral e institucional, acabando por somente legitimá-lo.

Haddad nunca quis ganhar as Eleições de 2018, assim como Lula capitulou voluntariamente na última semana do 2o. turno em 1989.

assim como o Lulismo jamais pretendeu resistir ao Golpe de 2016. assim como nunca se empenhou em lutar pela nulidade do Golpeachment. assim como Lula negou-se a oferecer qualquer tipo de resistência à sua prisão.

assim como após a derrota Haddad se comportará docilmente como uma oposição consentida ao regime BolsoNazi. e o twitter de Haddad felicitando Bolsonaro é disto a grotesca antecipação.

a Ex-querda que começou a morrer em Junho de 2013,  agora jaz deitada em seu caixão, rodeado de  velas roxas e coroas de flores apodrecidas.

mas não só o Lulismo.

o PSOL afunda junto com Boulos, convertido em Esquerda de estimação do Lulismo. Marcelo Freixo se consagra como aquele que poderia ter sido, mas nunca será.

em MG, após o desastre anunciado de Pimentécio e a humilhação de Dilma nas urnas, um grande potencial se fossiliza na via parlamentar: Beatriz Cerqueira.

numa extinção em massa, confirma seu falecimento toda uma geração de analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e militantes, etc...

todos com a data de validade há muito vencida, agora inexoravelmente recolhidos ao passado de um Brasil que já não existe, muito menos voltará a existir. não haverá retorno.

se Bolsonaro é a Direita enfim se orgulhando de si mesma, Haddad nunca foi além de uma Esquerda sempre envergonhada em dizer seu nome.

se Bolsonaro é enfim a cara nua e exposta da lumpenburguesia no Brasil, Haddad é o desmascaramento definitivo do Lulismo.

no final, quem tirou a máscara foi Lula. e surgiu a face de Haddad: a oposição gentil, bem comportada, prudente, elegante, simpática, culta, civilizada e completamente inócua.

Haddad será tão relevante para o cenário pós-eleitoral quanto Dilma o foi após o impeachment: nulidades irrelevantes.

alguns evocam as platitudes da resistência.

qual resistência? aquela que nunca houve, não há e jamais haverá. tão fake quanto a campanha Bolsonariana.

o golpe? que golpe... golpe se confirmou pela boca de Haddad uma palavra um tanto dura.

Sérgio Moro? está fazendo no geral um bom trabalho.

BC? autonomia!

o agro? é pop!

Bolsonaro? seja feliz companheiro.

não precisamos de resistência. precisamos re-existir.

descansem em paz.

mas saibam: não conseguirão. não esquecemos. não temos misericórdia.
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