25 janeiro 2007

0,25%

o modo como a mídia em geral se refere ao assim chamado "mercado" dá a entender tratar-se de uma entidade abstrata.

"mercado" em termos de Brasil tem nome e CNPJ: são os bancos e alguns grandes investidores. cerca de 1/3 dos ativos dos bancos estão aplicados em títulos públicos federais. as grandes assets (fundos de investimentos) são ligadas aos bancos. a maior parte dos recursos administrados são de fundos exclusivos.

o mercado de capitais brasileiro, como todo o resto de nossa economia, é altamente concentrado. o volume de negócios operado na Bolsa é pouco relevante frente às aplicações em renda fixa.

as afirmações que todo o "mercado" já esperava um corte de 0,25% na taxa básica dos juros, em nada mais implica do que os negócios efetuados no mercado futuro de contratos de DI trabalharem com esta expectativa. o Copom tem se limitado a atender a preferência dos investidores.

o tão reverenciado "mercado" é o sistema financeiro vivendo de subsídio governamental - a Selic - enquanto seus porta-vozes defendem corte de gastos com previdência, educação, saúde, infraestrutura.

não se trata de teoria, ortodoxia, econometrias, monetarismo, Smith ou Friedman. são apenas interesses econômicos. manter girando a máquina da arbitragem de juros às custas da estagnação e do desemprego.

existe sim uma grande reforma a ser feita: a do sistema financeiro. para que os bancos voltem a sua atividade fim: financiar a produção e o consumo, fomentando o crescimento econômico.

o Brasil ainda tem a possibilidade de reencontrar seu caminho de forma não traumática. o próprio PAC é um bom exemplo disto.

acabou-se o tempo de tão somente paciência e persistência. sem renegá-las, chegou o momento de ousadia, coragem e criatividade para abrir novos caminhos. chegou a hora de conjugar, em sua forma mais afirmativa, o verbo mudar.