30 outubro 2018

Brasil em Transe: descansem em paz

30/10/2018

a violência disseminada por BolsoNazi rapidamente se tornará um tiro pela culatra, porque será inevitável a frustração do eleitorado com mais um estelionato eleitoral.

renda, inadimplência, insegurança e corrupção são as principais e urgentes demandas da população. perante elas o modo de ser BolsoNazi vai se somar às causas, sem nunca fazer parte da solução.

Bolsonaro não tem nenhuma proposta para sequer mitigar a crise econômica, colocando dinheiro no bolso do povo e repactuando a inadimplência. e nem poderia ter, posto ser  representante do grande Capital.

exatamente como Lula fez em 2003, e como também Haddad já se comprometera caso fosse eleito, o ato de inauguração do regime Bolsonariano será mais uma contra-reforma da previdência. seus eleitores assistirão a tudo, bestificados.

como fica patente na intervenção militar na área de segurança pública do Rio de Janeiro, a violência gerada pela violência de um estado de exceção econômica não pode ser superada prioritariamente pela via penal e policial.

do mesmo modo, "a corrupção nossa de cada dia" não passa do efeito epidérmico de um modelo de negócio altamente oligopolizador. no qual as vantagens comparativas não passam de uma concorrência pela inovação e eficiência quanto ao mérito de se estabelecer como o melhor corruptor.

para quem sempre desfraldou a bandeira da força bruta, do tapa e do tiro, apologista da ditadura, defensor da tortura e da eliminação física dos opositores, a imagem de Bolsonaro em seu primeiro pronunciamento após ser eleito é a de um homem combalido, instantaneamente envelhecido e com baixa efusividade num momento de vitória consagradora.

diante da evidente fragilidade, fica impossível não questionar qual a real condição de saúde do Presidente eleito.

seja pelo medo do fascismo ou pelo ódio do PT o vencedor foi o #EleNão. como não  há projeto político fundamentado pela exclusão, fomos todos derrotados e o grande Capital segue sendo sempre o grande vencedor.

conforme exasperadamente anunciado, para o Lulismo as Eleições de 2018 ficam para sempre longe demais. um previsível e melancólico desfecho de uma estratégia de enfrentar o Golpe de 2016 pela via eleitoral e institucional, acabando por somente legitimá-lo.

Haddad nunca quis ganhar as Eleições de 2018, assim como Lula capitulou voluntariamente na última semana do 2o. turno em 1989.

assim como o Lulismo jamais pretendeu resistir ao Golpe de 2016. assim como nunca se empenhou em lutar pela nulidade do Golpeachment. assim como Lula negou-se a oferecer qualquer tipo de resistência à sua prisão.

assim como após a derrota Haddad se comportará docilmente como uma oposição consentida ao regime BolsoNazi. e o twitter de Haddad felicitando Bolsonaro é disto a grotesca antecipação.

a Ex-querda que começou a morrer em Junho de 2013,  agora jaz deitada em seu caixão, rodeado de  velas roxas e coroas de flores apodrecidas.

mas não só o Lulismo.

o PSOL afunda junto com Boulos, convertido em Esquerda de estimação do Lulismo. Marcelo Freixo se consagra como aquele que poderia ter sido, mas nunca será.

em MG, após o desastre anunciado de Pimentécio e a humilhação de Dilma nas urnas, um grande potencial se fossiliza na via parlamentar: Beatriz Cerqueira.

numa extinção em massa, confirma seu falecimento toda uma geração de analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e militantes, etc...

todos com a data de validade há muito vencida, agora inexoravelmente recolhidos ao passado de um Brasil que já não existe, muito menos voltará a existir. não haverá retorno.

se Bolsonaro é a Direita enfim se orgulhando de si mesma, Haddad nunca foi além de uma Esquerda sempre envergonhada em dizer seu nome.

se Bolsonaro é enfim a cara nua e exposta da lumpenburguesia no Brasil, Haddad é o desmascaramento definitivo do Lulismo.

no final, quem tirou a máscara foi Lula. e surgiu a face de Haddad: a oposição gentil, bem comportada, prudente, elegante, simpática, culta, civilizada e completamente inócua.

Haddad será tão relevante para o cenário pós-eleitoral quanto Dilma o foi após o impeachment: nulidades irrelevantes.

alguns evocam as platitudes da resistência.

qual resistência? aquela que nunca houve, não há e jamais haverá. tão fake quanto a campanha Bolsonariana.

o golpe? que golpe... golpe se confirmou pela boca de Haddad uma palavra um tanto dura.

Sérgio Moro? está fazendo no geral um bom trabalho.

BC? autonomia!

o agro? é pop!

Bolsonaro? seja feliz companheiro.

não precisamos de resistência. precisamos re-existir.

descansem em paz.

mas saibam: não conseguirão. não esquecemos. não temos misericórdia.
.

27 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 27/10/2018

27/10/2018


as Eleições de 2018 marcam o esgotamento de um modelo de representação política, com amplas parcelas do eleitorado votando no #EleNão.

seja contra Bolsonaro ou pelo anti-Petismo, medo e ódio definem o voto a partir de seu oposto.

a crise de representação atinge seu clímax num Brasil em busca de perspectivas e opções, mas só encontrando a negação deste desejo e nunca sua afirmação.

nenhum projeto político se sustenta tendo como alicerce o #EleNão.

quando todo um arco de alianças se abraça em torno da palavra de ordem "Ditadura nunca mais!", é mais do que necessário ter a coragem de indagar: mas qual Democracia queremos ter?

o pacto democrático de 1988, da "Constituição Cidadã"? cujo "republicanismo" permitiu o entulho autoritário ser depositado no porão, preservando-o intacto para emergir na primeira oportunidade...

não se combate o fascismo senão como "a face mais sincera e mais eficaz do capitalismo!". para isto devemos ser a face mais sincera e mais eficaz do anti-capitalismo.

a boca do jacaré das ondas de intenção de votos se fechou. Haddad e Bolsonaro convergem para um empate técnico. com a vantagem do viés de alta para o candidato do PT.

a contra-ofensiva do exército de robôs bolsonarianos, via WhatsApp, perdeu o ímpeto da blitzkrieg deflagrada no 1o. turno.

a linha do apoio neopentecostal já não tem a mesma solidez e foi rompida em diversos pontos.

nenhuma esfakeada na barriga seria capaz de manter a boca de Bolsonaro fechada. a cada vez que ela se escancara, BolsoNazi se desmascara. entre o ame-o ou deixe-o, as defecções sobem e cai a intenção de voto.

muitos dos bots propagadores de fake-news entraram em loop num curto-circuito existencial: pessoas reduzidas a máquinas ou máquinas transformadas em pessoas?

as Eleições de 2018 foram configuradas para serem um diabólico Teste de Turing, frente ao qual todos falham miseravelmente. nem humanos, tampouco replicantes. já não somos senão ciborgues.

seja qual for o resultado das urnas, há esperanças para um day-after?

é possível ser feliz de novo? algum falso Messias nos conduzirá pelo deserto do real até a Terra Prometida sem corrupção e insegurança?

ou os mais urgentes de nossos problemas são pouca renda e muita inadimplência?

mal oculto na extrema polarização da reta final da campanha, nos espreita um estelionato eleitoral por antecipação.

nem Haddad, e muito menos Bolsonaro, demonstraram serem capazes de atender minimamente o imenso desafio colocado pela intercessão da crise econômica com a crise de representação.

seja como social-liberalismo ou ultra-liberalismo, não será mais do mesmo que fará diferença neste precipício no qual prosseguimos caindo.

Haddad eleito será nada mais do que uma leve e momentânea desaceleração na queda neste abismo, cujo fundo parece não ter fim.

e se o abismo for a solução? nem mesmo esta última ilusão já podemos ter...

é na heróica luta de um povo sem medo, ocupando as ruas em múltiplas batalhas pela reversão de votos, que mais uma vez se encontra a autêntica opção e perspectiva de um projeto político emancipador.

é a luta que gera a consciência. é na luta que novas formas de organização são geradas. é a luta quem constitui novas coletividades não existentes até então.

se há algum day-after, ele estará na continuidade desta luta pelo voto numa luta permanente, transformada em modo de viver.
.

26 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 26/10/2018

26/10/2018


bem cedo pela manhã, escuto uma movimentação na rua. imediatamente distingo o som característico de tropas marchando.

chego até a janela. um pelotão de soldados do batalhão de choque desce a rua. uniformizados, com toca-ninja, fuzis de assalto e carregando a bandeira da caveira.

entoam aqueles seus tradicionais hinos à morte, acompanhados de uma forte escolta e um carro de apoio.

antes que eu pudesse pegar o celular para gravar, no prédio em frente uma janela se escancara. e dela surge um sujeito descabelado e muito agitado.

começa a gritar: "- Vai morrer muita gente. Mas vai ser do lado de vocês também."

diante do inusitado da cena, congelei. não sabia como reagir, como hipnotizado pelo que presenciava.

e o cara prosseguiu: "- O povo está sendo enganado! Querem matar bandido? Vão matar desembargador, empresário, deputado e senador. Só sabem matar preto e pobre na favela."

só podia pensar numa coisa. aquilo ía dar merda. ainda mais quando vi os soldados da escolta encarando fixamente aquele alucinado vociferando: "- Não tenho medo de polícia fascista!".

nem tive tempo de me esconder, antes do cara insistir aos berros: "- Meu nome é arkx! Meu nome é arkx!".

é fogo, né. esses homônimos acabam matando a gente...


vídeo: General Mourão - Novo Hamurgo (RS) - 24/10/2018


.

25 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 25/10/2018

25/10/2018


- como há muito tempo não se via, ambulantes do centro do Rio de Janeiro voltam a usar adesivos do PT, em apoio a Haddad. se antes Bolsonaro era o nome correndo de boca em boca para quase todos, agora aqui e ali se espalham gritos de "Vai virar!";

- enquanto a doença mastiga os intestinos de Bolsonaro, o jacaré das ondas eleitorais começou a fechar a boca. de sua mordida nenhum de nós restará poupado, pouco importa o resultado das urnas;

- os cemitérios vivos estão por toda a parte. mortos ainda vivos. vivos já mortos. espectros jogados nas sarjetas. sem emprego, sem renda, sem saúde, sem dignidade. sem visibilidade. sem esperança. sem medo. nenhum presente, passado ou futuro. apenas uma danação que dura, sem nunca passar;

- em meio a legião zumbi de fake-news, necrófilos e antropófagos se defrontam nas ruas e nas redes. repete-se a heróica dinâmica ocorrida no segundo turno das Eleições de 2014. o povo sem medo se ergue para enfrentar a ascensão do fascismo;

- não será Haddad quem vencerá estas eleições, serão os Manos. Brows e todo um arco-íris de insubmissos muito putos com "tudo que está aí". contra o "Viva la Muerte!" bradam ainda mais alto: "Muera la Muerte! Gracias a la Vida!";

- os LGBT são hoje o que as mulheres foram nas grandes lutas do passado: a linha de frente das transformações sociais, sendo também os primeiros a serem atingidos pelo impacto da onda fascista;

- o Brasil tal qual o pensávamos conhecer, acabou em Junho de 2013. então a multidão estava clamando por um passo à frente. como a construção do futuro foi interditada, giramos aprisionados numa mortal encruzilhada. a cada volta cavamos um abismo sob nossos pés;

- o pacto Constitucional de 1988 faliu. não há retorno. não há saída. é preciso que não fique pedra sobre pedra. será com este escombro, com as pedras desta ruína, que coletivamente construiremos nosso futuro. ou não haverá qualquer futuro;

- não é com amor que se vence o fascismo. é com o ódio. não será com a paz. será com a guerra. não somos nós quem fazemos as escolhas. elas nos são impostas por circunstâncias da História. nossa única escolha foi passar por esta luta.
.

24 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 24/10/2018

24/10/2018


"O diálogo não é a conversa entre iguais, mas sim a conversa real e concreta entre diferenças que evoluem na busca do conhecimento e da ação que dele deriva. Diálogo é resistência."

o que se aprende ao conversar com um eleitor de Bolsonaro?

na Av. Rio Branco, em frente a entrada do metrô, centro do Rio de Janeiro, o grupo de apoiadores de Haddad distribui adesivos e panfletos. no renhido corpo a corpo com os transeuntes, se empenha para reverter votos.

um pouco adiante, alguns atores executam uma performance exortativa contra a violência: #EleNão.

para compor o cenário improvisado, estão colocadas ao longo do passeio várias peças de roupas pintadas de vermelho, com pétalas de rosas por cima delas.

um eleitor de Bolsonaro se aproxima. argumenta com alguns dos apoiadores de Haddad. em poucos instantes o diálogo se trunca. mas sem qualquer violência ou mesmo grande exaltação.

em seguida, ele ergue seu celular e grava um depoimento. afirma que tentara debater, mas não houve condição, pois "eles" não tinham argumentos, nem mesmo disposição para conversar.

jovem e com expressão simpática, aparenta uns 26/27 anos, embora já tenha 32. empregado num escritório ali perto, mora em Mesquita, Baixada Fluminense, periferia distante.

eleitor por duas vezes de Lula, em 2002 e 2006, não repetiu o voto no PT nas eleições de Dilma.

evangélico, estuda a Bíblia, assim como política. autodidata, usa a web para pesquisar e se informar.

enquanto conversa, rapidamente posta no Facebook o vídeo que acabara de gravar.

pondera que Lula fora eleito com base na proposta de melhoria de vida da população. ele mesmo se reconhece de classe média baixa, num país com grandes desigualdades e muita miséria.

mas Lula tendo usado a carência e as demandas do povo para se eleger, em seguida  logo se abraçara com a corrupção, a qual prometera combater.

apesar de alguma melhoria, o objetivo principal fora o enriquecimento pessoal e de seu grupo político, o PT.

por trás de tudo, o plano insidioso de implantar o socialismo no Brasil.

segundo afirma, o PT não permite de modo algum Haddad fazer uma autocrítica para reconhecer os erros cometidos. quanto a isto, concorda com o discurso de Mano Brown no ato de ontem (23/10/2018), realizado nos Arcos da Lapa.

declara-se contra as políticas identitárias, porque ao se dividir a população em minorias se perde o sentido da maioria.

também não pode concordar com o ensino infantil estimular uma criança de 5/6 anos a se tocar nos órgãos sexuais. muito menos aceita alguém mal entrando na adolescência já ter maturidade para escolher o próprio gênero e "mudar de sexo".

seu entusiasmo atual com Bolsonaro vem deste ser capaz de abordar com franqueza e objetividade alguns dos principais clamores da população: corrupção e segurança.

aliás, em relação a isto indigna-se por Haddad, e seus apoiadores, terem pouco a propor e a falar.

não se conforma com a situação do país. aponta em direção aos cantos das calçadas, tomados por pessoas deitadas no chão em cima de pedaços de papelão.

"- Cadê a justiça?", desabafa com ênfase, erguendo os dois braços.

complementa: "- É por isto que quando o filho do Bolsonaro falou em fechar o STF, logo a Globo e a Esquerda se uniram para condená-lo...".

por culpa do "comunismo satânico", estamos ficando igual a Venezuela. tanto aqui como lá,  a sociedade não se beneficia dos riquezas naturais do país.

o celular vibra seguidamente. mais e mais mensagens chegandos via WhatsApp. ele as lê rapidamente. responde algumas, teclando enquanto fala.

despede-se com um sorriso aberto e um forte aperto de mão. acabara sua hora de almoço. tinha que voltar ao trabalho.

ainda comenta: "- Foi a primeira vez que consegui conversar com um Esquerdista...".


vídeo: Mano Brown detonando o PT no showmício nos Arcos da Lapa


.

23 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 23/10/2018

23/10/2018

a foto do Mídia Ninja dá a dimensão do comparecimento ao ato desta noite nos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro.

mas ainda assim é preciso considerar que as ruas e bares da Lapa estavam tomadas por uma outra multidão quase tão grande quanto.

pela própria característica do ato, a presença foi majoritariamente de setores médios, mas com uma parte da juventude vinda de subúrbios, favelas e periferias.

quanto a composição etária, dividiu-se entre jovens e a geração das Diretas Já, mas com predomínio de jovens - o que é um bom sinal.

ao menos 30% dos participantes eram LGBT, que compõe hoje a linha de frente das transformações sociais, sendo também os primeiros atingidos pela onda fascista BolsoNazi.

o clima geral é de que a virada é possível.

há uma razoável percepção de que o fascismo deveria ter sido barrado em suas origens. ou ao menos quando Bolsonaro dedicou seu voto pelo impeachment ao torturador Ustra.

ainda assim, as intervenções dos oradores foram bastante despolitizadas, em consonância com a maior parte dos que pretendem se opor a ascensão do fascismo, inclusive aqui neste Blog.

embora o atual processo político tenha um conteúdo altamente pedagógico, a resistência face a este inevitável aprendizado parece ser insuperável.

foi exatamente por esta postura que nos tornamos cúmplices desta descida aos infernos. sem superar a tendência em negar a realidade continuaremos ladeira abaixo, seja qual o for o resultado das eleições.

Haddad não tem nem longinquamente o perfil de liderança apta a enfrentar o acirramento da crise do Capitalismo no Brasil.

neste sentido, pode-se afirmar que tem na verdade o perfil oposto. pior: pretende enfrentar a crise com medidas que vão apenas aprofundá-la.

caso não seja eleito, a relevância de Haddad desaparecerá, assim como o PSDB entrou em processo de extinção.

seja como for, por um bom tempo não se terá mais qualquer espaço para centro político no Brasil. não haverá nenhuma pacificação. ao contrário, a guerra civil de baixa intensidade tende a se agravar.

há relatos de votos na Zona Oeste do Rio sob coação das milícias para beneficiar Bolsonaro. tragicamente, o mesmo voto que em eleições anteriores somou para Lula, Dilma Sérgio Cabral, Eduardo Paes e depois Crivella.

o fascismo não pode ser derrotado com eleições. muito menos ser pacificado. ou reconhecemos isto de antemão pelas várias lições que a História já ensinou, ou vamos aprender pela experiência na base da porrada.

"Os indígenas tzeltal de Chiapas têm uma teoria da pessoa em que sentimentos, emoções, sonhos, saúde e temperamento de cada um são regidos pelas aventuras e desventuras de todo um monte de espíritos que habitam ao mesmo tempo nosso coração e o interior das montanhas, e que passeiam por aí.

Nós não somos belas completudes egóticas, Eus bem unificados, somos compostos de fragmentos, estamos repletos de vidas menores.

A palavra "vida", em hebreu, é um plural, assim como a palavra "rosto". Porque em uma vida há muitas vidas e porque em um rosto há muitos rostos.

Os vínculos entre os seres não se estabelecem de entidade a entidade. Todo vínculo se dá de fragmento a fragmento de ser, de fragmento de ser a fragmento de mundo, de fragmento de mundo a fragmento de mundo.

Ele se estabelece aquém e além da escala individual.

Esta continuidade entre fragmentos é o que se sente como 'comunidade'"

"Agora, Motim e Destituição" - Comitê Invisível


.

21 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 21/10/2018

21/10/2018


a medida em que afundamos numa Ditadura se relativizando mais e mais, Haddad não deixa por menos: perpetra outra mitigação de seu programa de governo.

para se provar palatável a lumpenburguesia no Brasil, nenhum piso é suficiente para uma insuperável capacidade de rastejar.

entretanto, de nada adiantam as súplicas Lulistas, a porta para o acordo se fechou definitivamente.

também pouco importa ser ou não palatável. necrófilos não tem problemas de indigestão. todos estamos condenados a termos primeiro nossa carne apodrecida, para só então ser devorada.

enquanto a cúpula da campanha de Haddad consagra mais uma vez a capitulação voluntária como estratégia política, suas bases sociais de apoio experimentam o estelionato eleitoral por antecipação.

nada tem a oferecer de concreto para colocar dinheiro no bolso de um povão endividado e sem renda, mas acena para o "mercado" com a autonomia do BC.

enquanto a militância se desespera na luta por reversão de votos, em meio ao vira, virou, é o Lulismo quem acaba sempre se virando para declarar: "- Sérgio Moro ajudou o Brasil. Em geral ele fez um bom trabalho."

qual a pior bolha? a Lulista ou a BolsoNazi?

Haddad se tornou a doença senil do Lulismo. em avançado estágio terminal, não restará pedra sobre pedra. toda a Esquerda, tal qual a viemos a conhecer, será destruída.

talvez destes escombros algo se erga. além do fascismo, por óbvio...
.

20 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 20/10/2018

20/10/2018

o jogo de sombras foi iluminado, tudo ocorre às claras, à vista de todos e acompanhado on-line 24x7 via web: a exposição da Democracia Liberal Representativa e de suas instituições como instrumentos do Capital.

neste cenário de fim de uma época política no Brasil e grande extinção de seus protagonistas, Haddad prossegue com sua insossa campanha xuxu, enfurnado em hotéis e afastados das massas.

se Dilma foi a grande personagem trágica do Lulismo, Haddad é sua versão farsesca.

Dilma tentou um frágil enfrentamento com o setor financeiro e rentista. quando a população saiu às ruas em Junho de 2013, optou pelo "republicanismo" de compor com aqueles que viriam a derrubá-la.

Haddad vai além. o Lulismo sempre pode ir além em matéria de tentar compor com seus, e nossos,  algozes.

Haddad demonstra sinceramente crer que as instituições são de fato "republicanas". portanto, muito republicanamente se comportarão como baluartes de uma Democracia já inexistente desde o Golpe de 2016.

a única chance de impedir uma derrota eleitoral será pela repetição da heróica dinâmica ocorrida no segundo turno das Eleições de 2014.

então, os principais responsáveis pela reeleição de Dilma não foram sua campanha oficial, muito menos seus marqueteiros milionários.

e sim o povo sem medo! os aguerridos eleitores que através de suas inúmeras pequenas batalhas cotidianas conquistaram a memorável vitória da candidatura que apoiaram.

mas ao contrário de 2014, mesmo se Bolsonaro for derrotado provavelmente já estaremos em plena Ditadura aberta, com grande possibilidades de evoluir para um rápido fechamento.

dessa forma, os urgentes e verdadeiros desafios com os quais devemos nos defrontar passam ao largo da questão eleitoral.

"Eu vim dizer para os senhores o impossível. O impossível é sair do Capitalismo. Aquilo que parece possível, possível não é. Os senhores acham que é mais fácil ganhar uma eleição. Arrisquem o impossível. É mais fácil do que o possível!"
Alysson Mascaro - autor de "Crise e Golpe"

vídeo: Haddad defende Moro


.

19 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 19/10/2018

19/10/2018


o escândalo do Bolsolão desmascara definitivamente as Eleições de 2018 como farsa e fraude.

ficam também despidos os financiadores, e principais beneficiados, do proto-fascismo BolsoNazi: o grande empresariado.

o Golpe de 2016 foi colocado em xeque. ou se assume como tal, ou será obrigado a impugnar a candidatura Bolsonaro.

caso Bolsonaro não seja impugnado, a continuidade da candidatura Haddad servirá apenas para legitimar o golpe. numa Ditadura, a única opção eleitoral é o voto nulo.

por outro lado, reduzir a onda BolsoNazi a mero marketing eleitoral, manipulando coração e mente do eleitorado, é recusar-se a compreender como sente e pensa o eleitor.

a manipulação existe, mas ela não resume tudo. toda abordagem simplista da complexidade social, tende a causar erros catastróficos.

apesar de toda manipulação da mídia, Lula foi eleito duas vezes e Dilma também.

quando um General eleito se declara favorável a prisão dos ministros do STF, ele vocaliza um desejo da maior parte da população, sejam eleitores de Bolsonaro ou de Haddad.

e esta deveria ser também uma bandeira da Esquerda!

a diferença está no modo de fazê-lo. a diferença não está em o que fazer, e sim no como fazer.

ou através da democratização do STF, pela Esquerda. ou por um regime militar tutelando o STF, mantido assim intacto seu atual caráter oligárquico.

a força da onda BolsoNazi se dá por correr num leito de repugnância da população ao "sistema". dito de forma corrente: "- Ninguém aguenta mais isto que está aí".

muito embora raramente se expressem com estas palavras, as pessoas estão em busca de uma outra vida, de um outro modo de viver.

este anseio autêntico explica a conversão maciça aos empreendimentos da fé: o Capitalismo como religião. no vácuo das Comunidades Eclesiais de Base, se expandem as igrejas neopentecostais.

por mais paradoxal que possa parecer, a ausência de Lula é ocupada por Bolsonaro.

um efeito inesperado da mesma busca por uma solução mágica trazida por um Salvador da Pátria. o "homem forte" capaz de por "ordem na casa", nos salvando de nós mesmos.

ao invés de um processo árduo e determinado, com a consciência política de não haver nenhum outro caminho de emancipação, a não ser através de nossa luta coletiva e organizada.

o fascismo só pode triunfar quando a Esquerda é incapaz de formular, e comunicar, uma alternativa de vida para atender os legítimos anseios do povo.

o fascismo e o Capitalismo só podem ser combatidos sob a perspectiva de um outro modo de viver.
.

18 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 18/10/2018

18/10/2018


- as forças reacionárias também foram surpreendidas, talvez tanto quanto o Lulismo, com o ímpeto da onda BolsoNazi;

- como não contavam com um cenário tão favorável, são levadas a queimar etapas quanto ao perfil e composição de um provável futuro governo;

- os generais já ocupam postos chaves no atual governo usurpador: GSI, Defesa, STF, SSP-RJ;

- assim como a partir do "movimento" de 1964, a disputa entre os grupos militares vai se acirrar, pela necessidade de rápida ocupação do terreno aberto pela ascensão BolsoNazi;

- grande parte da força da onda BolsoNazi vem da impulsão causada pelo apoio maciço dos empreendimentos da fé, das igrejas neopentecostais: o Capitalismo como religião;

- quanto a isto devemos todos estar eternamente "gratos" a José de Alencar, da IURD, o vice-presidente "perfeito". mais uma semeadura do mal feita pelo Lulismo, cujo fruto maldito agora estamos colhendo;

- qual o real estado de saúde do Bolsonaro? os generais sabem. mais uma vez seremos os últimos a saber;

- neste cenário catastrófico, Haddad age como se estivesse na Câmara dos Lordes ou conduzindo uma campanha eleitoral em algum país nórdico.

vídeo: URGENTE! DOENÇA DE BOLSONARO NÃO O IMPEDE DE MOSTRAR A VERDADE.


vídeo:Depoimento do General Ajax


.

12 outubro 2018

Brasil em Transe: onda BolsoNazi (2)

12/10/2018


com uma carreira militar e um currículo parlamentar sem qualquer distinção, além de sem experiência de gestão pública ou privada, também sem qualquer escrúpulo em personificar a barbárie de uma classe dominante colonial, escravocrata e anti-Republicana.

é deste homem sem qualidades que gerou-se o mito BolsoNazi, uma psi-op construída através de fraude, dissimulação, manipulação, diversionismo e muita confusão.

mas toda esta confusão tem uma importância estratégica. e a confusão só prospera se encontra um caldo social propício para tal.

as fake-news só conseguem viralizar nas redes Bolsonarianas do WhatsApp, por serem repassadas através de usuários despolitizados interagindo num ambiente despolitizador. uma ramificada e interativa rede de apoiadores executa a função de robôs propagadores de bolhas de pós-verdades.

as Eleições de 2018 explicitam a migração da forma de governar (governamentalidade) sob o modelo da economia política para um paradigma cibernético, a partir do qual estar vivo equivale fazer parte de um amplo sistema mundial de comunicação.

Bolsonaro é o previsível resultado de longos anos de despolitização, num contexto de grave crise do capitalismo sem haver nenhum encaminhamento concreto para superá-la, ou ao menos mitigar seu brutal e violento efeito sobre a população.

esta despolitização é também um dos frutos malditos do Lulismo, com sua estratégia de conciliação permanente para viabilizar um projeto de hegemonia às avessas:  curvar-se à quase totalidade das exigências de uma minoria, para tentar se legitimar pela concessão de alguns poucos benefícios para a maioria.

sendo o voto em Bolsonaro certamente uma expressão grotesca e caricatural do ódio, então cabe indagar: ódio a quê?

ódio ao sistema. ódio aos políticos. ódio à falta de perspectivas. ódio ao estelionato eleitoral. ódio ao desemprego. ódio à inadimplência. ódio à miséria. ódio a insegurança. ódio à corrupção.

são muitos os ódios, mas sempre paridos pelo mesmo cruzamento: o da crise de representação com a crise econômica.

mesmo se Bolsonaro não for eleito, continuará como uma forte posição política. ou seja: Bolsonaro não pode ser derrotado com eleições, só politicamente.

então, cabe outra vez indagar: qual política é capaz de derrotar Bolsonaro?

com certeza não a "política" de Haddad, seguindo a estratégia eleitoral estabelecida pelo Lulismo:

- maximizar a transferência de votos no 1o. turno: "Haddad é Lula";
- firmar o "pacto nacional" no segundo, sob a coordenação de Jaques Wagner: "Haddad é Jaques Wagner".

mas no fundo, no fundo, bem no fundo mesmo, Haddad jamais deixou de ser Haddad. "Haddad é Haddad", o candidato perfeito... para o PSDB.

prioriza a costura do "pacto nacional" com Marina, FHC e até Joaquim Barbosa, sendo que nenhum deles tem voto. todos integrantes daquele sistema político odiado pelos eleitores de Bolsonaro.

privilegia os conchavos de gabinete com os grandes empresários, exatamente aqueles responsáveis, e maiores beneficiados, pelo desemprego, inadimplência, miséria, insegurança e corrupção. tudo aquilo tão odiado pelos eleitores de Bolsonaro.

enquanto isto, Ciro declara "apoio crítico". mas se é para ser crítico, preferiu ser crítico em Paris.

para não inviabilizar seus acordos de cúpula Haddad não pode pactuar com o povão, assim este continuará a se iludir com o falso messias BolsoNazi.

via WhatsApp o povão posta uma mensagem para Haddad. papo reto. papo liso. na veia:

"aí, até voto em tu. basta anunciar, e depois cumprir, o seguinte:

- aumento do SM para R$ 1.500, a partir de JAN-2019;
- repactuação para os inadimplentes nos mesmos moldes do grande empresariado."

como para alguns de seu eleitores um aumento real do SM é inflacionário, exatamente como pregam os economistas neoliberais, Haddad já garantiu ao mercado seu compromisso com mais uma Contra-Reforma da Previdência logo ao início de seu mandato.

em 2104 Dilma esperou ser eleita para consumar o estelionato eleitoral, agora Haddad resolveu ir se adiantando.

ninguém pode combater a bolha alheia se, por sua vez, também está aprisionando em sua própria bolha.


" Tão logo foram divulgados os resultados, começaram a proliferar nas redes postagens criticando os nordestinos pelo resultado amplamente favorável ao PT. O ‘poste’ de Lula só não venceu no Ceará, terra de Ciro Gomes. Mapas do Brasil designando a região como ‘Venezuela do Sul’ e ‘Cuba do Sul’ são algumas das ‘pérolas’ que já circulam na web. Prato cheio para as desesperadas hostes petistas. Para garantir a eleição, Bolsonaro precisa aumentar seus votos no Nordeste e não perdê-los."

glória!
.

10 outubro 2018

Brasil em Transe: onda BolsoNazi (1)

10/10/2018


- no desespero em deter a Onda BolsoNazi, a quase totalidade da Esquerda apenas cava mais fundo o abismo no qual já nos encontramos afundados;

- o cruzamento da crise de representação com a crise econômica exige um candidato e propostas anti-sistema. sendo Bolsonaro uma resposta fake a este impasse, tende a acirrá-lo pela impossibilidade de atender as expectativas geradas por sua candidatura;

- é inútil vencer as Eleições de 2018 apenas para fracassar em cumprir a mais urgente demanda do eleitor: colocar dinheiro no bolso do povo;

- já não é possível aquecer a demanda gerando qualquer outra bolha de crédito, por estar esgotada a capacidade de endividamento. sem a imediata         recuperação da renda, em conjunto com a repactuação das dívidas, não se viabiliza nenhuma retomada sustentável do crescimento, para dar a superação da crise econômica;


- o ultra-liberalismo de Bolsonaro aponta exatamente na direção oposta: ainda mais concentração de renda e expansão das desigualdades;

- quanto a Haddad, até o momento nada em seu programa de governo, e em sua campanha, garantem a adoção de um pano emergencial de enfrentamento ao desafio exigido pela conjuntura: a pronta recomposição da renda do trabalho;

- como Haddad poderia fazer esta opção e ao mesmo tempo viabilizar sua "frente democrática",  firmada justamente com amplos setores largamente beneficiados com a crise econômica? a classe dominante jamais será parte da solução para a crise. pois ela é a crise;

- mesmo se Bolsonaro não for eleito, continuará como uma forte posição política. ou seja: Bolsonaro não pode ser derrotado com eleições, só politicamente;

- as propostas de Bolsonarizar a campanha de Haddad, fazendo-a pender à Direita, sob a ilusão de buscar um Centro há muito inexistente, servirão apenas para legitimar ainda mais Bolsonaro como candidato anti-sistema;

- a onda BolsoNazi só pode ser combatida por um autêntico candidato anti-sistema;

- se "Haddad é Lula" ou se "Haddad é Haddad", a crise de identidade continua a mesma: afinal quem é Haddad? Haddad pode vir a ser um candidato anti-sistema? tudo indica que não;

- game over. no final a gente sempre morre?

propostas:

- colocar dinheiro no bolso do povo;

- imediata recomposição da renda do trabalho;

- repactuação das dívidas.

vídeo: Bolsomito 2k18 Teaser de lançamento


.

08 outubro 2018

Brasil em Transe: necropsia do primeiro turno

08/10/2018


- Bolsonaro venceu porque encarna o candidato anti-sistema, ao personificar o sentimento "contra tudo que está aí". entretanto, ninguém melhor do que Bolsonaro para representar o que há de pior na classe dominante no Brasil;

- as Eleições de 2018 marcam a obsolescência da TV e das pesquisas eleitorais como arma de manipulação da população, função agora executada com mais alcance e eficácia por um processamento online através das redes sociais e dos aplicativos de troca de mensagem;

- o mito Bolsonaro é uma bolha de pós verdade mantida inflada por um fluxo incessante de fake-news. mas todas as bolhas são infladas apenas para virem a estourar. e como Bolsonaro não passa da representação mais genuína de "tudo que está aí", seu governo está fadado a ser mais um estelionato eleitoral, aprofundando a crise de representação e encurralando o Brasil no beco sem saída da via institucional;

- por sua vez Haddad não pode, e não quer vir a ser, o candidato anti sistema. tanto por se recusar a fazer a crítica do Lulismo como pela insistência em se manter disponível para um pacto com a classe dominante;

- a principal crítica a ser feita ao Lulismo não é seu envolvimento com a corrupção sistêmica brasileira, e intrínseca ao Capitalismo, e sim o abandono da organização pela base e a despolitização da população, com o consequente esvaziamento dos movimentos sociais;

- a insistência do Lulismo, e de Haddad, num pacto com a classe dominante é um sonho impossível. longe de estarmos num período de expansão, o atual ciclo de "ajustes" e contração do Capitalismo globalizado implica numa imediata e violenta espoliação da renda, do patrimônio e dos direitos coletivos;

- os mitos Lula e Bolsonaro, assim como seus seguidores, são em vários aspectos equivalentes, dominados por um forte componente irracional avesso a toda e qualquer crítica. ambos exigem a figura da liderança salvadora, que, de fora para dentro e de cima para baixo, conceda à sociedade uma solução mágica para livrá-la de seus dilemas e demandas;

- não há nenhuma solução mágica para os nossos problemas. ninguém irá resolvê-los a não ser nós mesmos, através de nossa luta coletiva e organizada;

- o sistema de poder está ruindo. em seu vácuo surgem os fenômenos bizarros e as criaturas monstruosas, como um dos sintomas mórbidos da reorganização política da classe dominante. Bolsonaro e suas crias são a primeira ninhada deste processo, o qual neles não se completa pois a cadela do fascismo está sempre no cio;

- a Esquerda continua perdida no tempo e no espaço, como se ainda vivêssemos em 2002 e fosse viável uma reedição de Lulinha Paz e Amor e sua "Carta aos Banqueiros Brasileiros".

- os dias mais difíceis ainda nem começaram...

p.s.:

hoje na chegada ao Rio de Janeiro, foi assustador se deparar com uma cidade inusitadamente deserta.

desde a Dutra, passando pela Linha Vermelha, Francisco Bicalho, Presidente Vargas. nenhum engarrafamento e pouco movimento.

Centro, Bairro de Fátima, Ipanema, Botafogo, Laranjeiras, por todo lado pouca gente e pouco trânsito.

indagando a algumas pessoas, inclusive moradores de subúrbios e periferia, a percepção era a mesma: pontos de ônibus e comércio vazios.

além disto, uma atmosfera lúgubre, com a chuva fina e vento constante, criava um clima de enterro por toda parte.

alarmado, cogitei do que poderia se tratar: já teriam matado a viadagem toda? as mulheres teriam sido reconduzidas para a cozinha? os negros para a senzala?

as pessoas estão deprimidas e com medo. com muito medo. à beira da síndrome de pânico.

agora à noite, pouco antes de postar o texto acima, começo a escutar uma gritaria. o som reverberava vindo das ruas abaixo. a palavra de ordem se ouvia nitidamente: "#EleNão!".

vozes da juventude, percorrendo os quarteirões, soltando morteiros e angariando adesões.

por alguns minutos, a atmosfera de velório se dissipou em perspectiva de luta.

ir ao combate sem temer. ousar lutar, ousar vencer. somente a luta muda a vida! unidos somos muito mais fortes!
.