03/02/2018
muito embora ainda fossem acalentadas pelo Lulismo algumas cândidas esperanças quanto a um resultado
diferente, 24-JAN-2018 é apenas mais uma brutal queda no deserto do real,
confirmando uma sentença longamente anunciada.
a cada nova derrota sofrida, o Lulismo
renova suas ilusões, reincide seus erros, repete as mesmas opções, sem jamais
colocar como pauta prioritária o movimento autônomo de massas como o único
poder capaz de contrabalançar a correlação de forças.
primeiro foi o Plano Levy, a Carta ao Povo Banqueiro Brasileiro de
Dilma Roussef, uma desastrada e anacrônica tentativa de reeditar a Pax Lulista de 2002.
FEBRABAN, CNI, CNT, CNS, FIESP e FIRJAN emitiram protocolares notas de
apoio ao governo, como se todos eles já não estivessem pactuados quanto a sua
queda. os lucros dos bancos bateram novos recordes e o Brasil mergulhou de vez
na recessão, da qual até hoje obviamente não conseguiu se erguer. a já estreita
base social de Dilma se corroeu definitivamente, ficando desimpedida a via
expressa para o golpe.
em seguida, sobreveio a patética ilusão quanto a ser possível barrar o
processo de impeachment pela via jurídica, ou viabilizar alguma alternativa através
de negociação política.
mesmo impedido por Gilmar Mendes de ser nomeado Ministro da Casa Civil,
Lula assumiu na prática o governo e o transferiu para uma suíte de luxo do
hotel 5 estrelas Golden Tulip Alvorada.
as barganhas horrorosas e conchavos vergonhosos fracassaram. e o Brasil
assistiu horrorizado e envergonhado a um teatro de vampiros na votação da
admissibilidade do impeachment, a hipócrita encenação dirigida sem misericórdia
por Eduardo Cunha.
Famiglia unida, vota unida.
os grandes empresários disponibilizaram seus jatinhos isentos de IPVA para transportar o
voto "SIM", buscando os Deputados de "onde fosse
necessário". e as empresas "campeões
nacionais" capitalizadas via financiamento público fornecido pelo
BNDES, bancaram através destes mesmos recursos a compra de votos
do Golpeachment.
passo a passo, a medida em que a crise se agravava e aprofundava, não
apenas politicamente mas com gigantesco custo social e econômico, a única
proposta do Lulismo jamais deixou de
ser sua tradicional via da conciliação permanente, mesmo com a
objetividade dos fatos deixando inquestionável não mais existir qualquer viabilidade
para isto.
entre o escárnio da condenação de Lula sem provas pela Lava Jato & Associados, e o deboche do
julgamento do recurso pelo TRF-4, realizado indecorosamente um ano após o AVC
de Marisa Letícia, o Lulismo tentou
insistentemente, por todos os meios e de todas as formas, adquirir seu
passaporte de ingresso no Pacto à la
Brasil, o atávico acordo palaciano entre as elites.
na véspera da sentença, o Lulismo
ainda julgava ser razoável alimentar expectativas otimistas, enquanto todos os
sinais indicavam um cenário de uma combinada condenação por unanimidade, como
etapa imediatamente anterior a determinação de execução da pena.
depois de 24-JAN-2018, algo mudou?
o Lulismo ocupou as ruas e as
redes mantendo de pé a mobilização e a organização da luta contra o Golpe de 2016? ou persiste em se
arrastar agachado pelos bastidores sorrateiros em busca do acordo impossível?
enquanto uma heróica resistência se processa nas redes denunciando o
Judiciário, o bonitão predileto do Lulismo
e candidato a poste sem alça da vez, Fernando Haddad, dá entrevista à Globo News, tão satanizada mas sempre
bajulada e frequentada, para defender a candidatura Temer e presumir do STF o
benefício da clemência para Lula: "Creio que o STF vai analisar com muito cuidado
e, quero crer, ele vai receber o benefício".
após décadas se esquivando das bases, asfixiando o movimento popular e
sabotando o surgimento de novas lideranças, como o Lulismo conseguirá recuperar rapidamente tanto tempo perdido?
atualmente o PT conta com uma
bancada de 57 Deputados Federais. de quantos deles poderíamos citar
espontaneamente seus nomes? quantos tiveram atuação decisiva em suas bases na
luta contra o Golpe de 2016? qual a
contribuição para esta luta vinda dos 5 governadores do PT, incluindo estados
com maior população e recursos econômicos como Minas, Bahia e Ceará, além de
uma escandalosa omissão? e aqui honre-se com louvor a Flávio Dino, não por
coincidência do PCdoB.
em se tratando de colocar novamente o retrato do velho no mesmo lugar, nosotros jamais esqueceremos Getúlio
Vargas: "No Brasil não basta vencer
a eleição, é preciso ganhar a posse!".
a eleição se vence
com o voto nas urnas. mas para ganhar a posse, e mais importante manter o
mandato e concretizar as transformações, é necessário o constante e
intransferível exercício da cidadania,
construindo passo a passo o poder popular. e isto só pode ser feito na luta das ruas, e não simpaticamente no
conforto de um estúdio da Globo News...
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