06 junho 2017

os Brasis: um fantasma ainda assombra

06/06/2017



um espectro ainda ronda o Brasil. tremem ao ouvir o seu nome. inútil tentar conjurá-lo. o espírito de Junho de 2013 ainda assombra permanentemente, ameaça paradigmas obsoletos e certezas decadentes. como um teimoso, sempre volta mais uma vez, e ainda outra vez. uma esfinge desafiando repetidamente a se decifrar seu enigma.

ao contrário da narrativa lamuriosa da Ex-querda, não foi Junho de 2013 o ovo da serpente do Golpeachment. a via de acesso ao poder de uma Direita sem voto foi chocada pela repetida negativa da Ex-querda em se relacionar positivamente com Junho de 2013.

em Junho de 2013 ficou exposto o quanto havia de podre no reino encantado da conciliação de classes do Lulismo. e ainda agora é Junho de 2013 pulsando. seu espírito sopra continuamente ânimo sobre as ruas, os bloqueios e as ocupações, para potencializar a vitalidade da resistência ao Golpeachment,

“Disseram que estando dormindo em meu jardim, fui mordido por uma serpente; deste modo todos foram grosseiramente enganados com esta fabulosa história de meu falecimento. A serpente que me tirou a vida, usa agora a coroa que me pertencia.”

devemos escavar o solo uns palmos mais abaixo, fazendo chocar-se um ardil contra outro ardil, até se alcançar a raiz da questão: somos ou não capazes de ultrapassar as mesmas respostas erradas, mantendo-nos prisioneiros de um infindável giro em falso na encruzilhada de Junho de 2013?

onde estávamos em Junho de 2013?

estávamos nas ruas? ao menos acompanhávamos as manifestações ao vivo pelo inovador trabalho dos mídia-ativistas?

como nos relacionamos com Junho de 2013? por uma inquietante leitura de um mundo em mutação ou somente pela viciada leitura de palavras convenientes?

ainda mantínhamos a fé num Pacto à la Brasil para um Mensalão que jurávamos nunca ter existido? como se fosse possível uma lua de mel perene com a plutocracia colonial e escravagista, sempre pronta a exercer sua vocação eterna para o golpismo...

ainda nos iludíamos com os altos índices de popularidade do governo, assim como o mercado financeiro acreditou piamente no Triple A carimbado pelas corruptas agências de risco nos derivativos tóxicos de Wall Street em 2008?

enquanto os sucessivos e intermináveis vagalhões do tsunami da crise global destroçavam a ordem econômica e política mundial, ainda contemplávamos o próprio umbigo monocordiamente repetindo tratar-se só de uma marolinha?

ou até hoje preferimos acreditar que a maior de todas as crises brasileiras, no bojo da mais grave crise do Capitalismo desde 1929, tudo isto na verdade não passa de tão somente mais uma manipulação da Rede Globo?

não tínhamos ainda percebido que nenhum incentivo e desoneração despertariam qualquer espírito animal numa lumpenburguesia viciada no saque e na pilhagem? achávamos mesmo que Eike Batista era o empresário-companheiro, molde inaugural de toda uma geração de futuros capitalistas brasileiros comprometidos com o desenvolvimento nacional?

segundo o Sistema de Acompanhamento de Greves do DIEESE, se em 2012 haviam ocorrido 877 greves, em 2013 foram 2.050, demonstrando como então a crise econômica já corroera a Pax Lulista.

Junho de 2013 não foi nenhum imprevisível raio num perfeito céu azul, e sim um indisfarçável sintoma de que “a moldura institucional do país não cabia mais no organismo social brasileiro”.

contudo, a Ex-querda forjou sua auto-indulgente versão de nada mais ter sido senão obra maquiavélica dos demiurgos da CIA, manipulando a História em seus laboratórios secretos para desestabilizar o Lulismo, auxiliados pela decisiva participação da Rede Globo com sua cobertura ao vivo.

como se a História nada mais fosse do que uma conspiração. e a luta de classes se reduzisse a uma briga contra uma mídia que nunca deixou de contar com generoso patrocínio público.

”Não. Eu não acho que aquilo ali [Junho de 2013] foi uma manifestação da direita. Eu não acho, realmente. Não acho que esteja ali o fulcro dos movimentos de direita, não acho.”
Dilma Roussef, 27/06/2016, entrevista à Publica

é inegável também que em toda grande movimentação social ocorre intensa atuação de forças políticas organizadas, tentando capturá-la e dirigi-la conforme seus respectivos interesses e projetos.

por outro lado, o surgimento de novas lideranças e novos agentes sociais escapa completamente ao controle de quem quer que seja, tornando esse momentos de súbita e intensa irrupção do movimento social absolutamente imprevisíveis em seus desdobramentos.

Junho de 2013 é o marco inicial de um interregno

em Junho de 2013 o sistema de poder estabelecido com a Nova República começa a ruir, assim como 1977 marca o início do fim da Ditadura.

a partir de 1977, com a retomada dos movimentos sociais, iniciou-se um longa e tortuosa travessia. a falência histórica do velho já acontecera, mas não sua falência política. no vácuo deste interregno, através da luta entre os diversos setores sociais, ocorre a construção de um novo sistema de poder.

ainda estamos até hoje no meio de uma destas arriscadas travessias. no vácuo deste interregno proliferam as patologias sociais: criaturas monstruosas, fenômenos bizarros e sintomas mórbidos.

em Junho de 2013 o clamor das ruas era claro: mais participação, mais direitos, mais Democracia.

aquele foi o momento mais favorável para o Lulismo operar seu giro à Esquerda, o que chegou timidamente a ensaiar, sem nunca ter tido nem desejo, e muito menos capacidade, para concretizar. o Lulismo desperdiçou todo seu capital político, quando Dilma estava nos píncaros da popularidade, na patética ilusão que a promíscua conciliação de classes jamais esgotaria seu prazo de validade.

ainda assim, o Lulismo insistiu em isenções e desonerações, sem nada mais produzir senão alavancar o lucros de uma lumpenburguesia então já em plena operação para sabotar o governo de Dilma Roussef.

desde então, com a representação política em colapso, a Ex-querda escondeu-se na negação da realidade. o sistema de poder começou a ruir diante de todos, atônitos e incapazes de esboçar propostas, assistiram passivamente seu passo a passo no rumo de uma derrocada anunciada.



vídeo: Dilma propõe plebiscito para reforma política – 24/06/2013


 vídeo: Tomada da ALERJ - 17/06/2013


muito além da av. Paulista

outra enorme distorção presente na visão que a Ex-querda formou sobre Junho de 2013 é elaborar suas conclusões a partir da perspectiva da av. Paulista – onde na  grande manifestação da noite de 20/06/2013, após o recuo no reajuste das tarifas, houve uma forte participação de grupos proto fascistas.

mas esta investida da Direita não ocorreu no restante do país. ao contrário, na mesma noite no Rio de Janeiro, uma gigantesca multidão ocupou literalmente toda a av. Pres. Vargas, num comparecimento muito maior do que o de SP, sem registro de presença minimamente significativa de grupos de Direita.

esta manifestação no Rio foi brutalmente reprimida pela PM na frente da prefeitura, no final da av. Pres. Vargas. ao sofrerem um bombardeio cerrado de balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, seguido do ataque da cavalaria da PM, os manifestantes recuaram. em seguida grupos se reagruparam ao longo da avenida e enfrentaram os policiais. assim surgem os adeptos da tática Black Bloc no Rio.

vídeo com o momento (1’00’’) em que uma manifestação pacífica é brutalmente atacada pela PM, o que se tornaria rotina posteriormente e até hoje. a partir de 4’00’, cenas do enfrentamento com o “Caveirão”, gravadas lado a lado com os ativistas.

vídeo: A Batalha da Av. Presidente Vargas – Rio de Janeiro – 20/06/2013


a partir das experiências de confrontos nas ruas em Junho de 2013 consolidou-se a capacidade dos manifestantes de não mais recuarem desordenamente frente aos ataques da polícia. desde então, a autodefesa tornou-se uma característica sempre presente, com a tática Black Bloc amplamente adotado em diversas situações por grupos bastante heterogêneos.

no vídeo abaixo (a partir de 2’00’’) verifica-se que os manifestantes enfrentando o blindado “Caveirão” da PM, não se tratam de “meninos mimados da zona sul carioca”, em sua maioria são moradores das periferias e das comunidades, fazendo então o que não tem condição quando a PM invade as comunidades, quando as balas são de fuzil e não de borracha.

vídeo: manifestantes enfrentam o blindado “Caveirão” – Rio de Janeiro – 20/06/2013


muito além da av. Paulista, as enormes manifestações se propagaram por todo o país, com seguidos enfrentamentos com a polícia. abaixo um documentário sobre Junho de 2013 em Fortaleza, com  excelente material para se compreender a tensão dentro do próprio movimento entre o casal infernal: “pacifistas x radicais”.

vídeo: “Com Vandalismo” – documentário do Coletivo Nigéria sobre Junho de 2013 em Fortaleza


“Onde o pacifista procura abster-se do curso do mundo, permanecendo bom e não cometendo nada de mal, o radical abstêm-se de qual­quer participação no “existente”, por via de pequenos ilegalismos enfeitados por “tomadas de posição” intransigentes. Ambos as­piram à pureza, um pela ação violenta, o outro abstendo-se dela. Cada um é o pesadelo do outro. Não é certo que estas duas figu­ras subsistissem muito tempo se cada uma não tivesse a outra como fundo. Como se o radical não vivesse senão para arrepiar o pacifista nele próprio, e vice-versa.”
“Aos Nossos Amigos”, Comitê Invisível

execrado pela Ex-querda, capturado pela Direita

em 18/06/2013, no vácuo aberto pela irrupção nas ruas, ocorre a primeira tentativa explícita de capturar as manifestações para impor uma pauta unificada a um movimento marcadamente horizontal e  descentralizado.
 
é postado um vídeo do Grupo Anonymous Brasil  reivindicando 5 causas: arquivamento da PEC 37/2011, a saída de Renan Calheiros da presidência do Congresso Nacional,  investigação e punição de irregularidades nas obras da Copa, pela PF e MPF, criação de uma lei que trate casos de corrupção no Congresso como crimes hediondos, fim do foro privilegiado.

causas absolutamente  incongruentes com o Anonymous, que apesar da pluralidade característica de coletivos não centralizados sempre converge para uma linha de ação direta e atuação não institucional. todas as “5 Causas”  apontando  na direção contrária e com um sentido coerente com o defendido por setores do MPF e da PF.

as infiltrações nas manifestações pelos órgãos de segurança já ocorriam abertamente, a vista de todos.

ainda assim, o Lulismo prosseguia como se ainda estivesse no ápice de seus anos dourados, avaliou a maior movimentação de massas até então ocorrida de massas desde as “Diretas Já”, em 1984, como uma equivocada e passageira turbulência.

contudo, num final de tarde melancólico, anoiteceu sem se darem conta. sozinhos no escuro, era impossível negar acontecera algo muito sério. não haveria como não viver o luto.

vídeo: “As 5 causas”


vídeo: militar a paisana no ataque ao Palácio do Itamaraty – 20/06/2013


vídeo: PH LIMA – “Primavera Brasileira”


no rastro de Junho de 2013, o mega fracasso dos mega eventos

apesar de todas as evidências em contrário, comprovadas pelas experiências de suas edições anteriores em outros países, os mega-eventos eram considerados pelo Lulismo como um grande trunfo não apenas político, tanto por gerarem um em efeito positivo de popularidade, como também econômico, na suposição dos investimentos em infraestutura retornariam como crescimento do PIB.

o que jamais aconteceu. já que grande parte dos recursos abasteceu os propinodutos, escoando pelos ralos dos paraísos fiscais ou simplesmente foram desviados para aplicações especulativas no mercado financeiro.

de Junho de 2013 até a Copa de 2014 as manifestações prosseguiram em todo o país. a truculência e as perseguições políticas foram regras num Estado de Exceção permanente no qual a repressão se justificava para expulsar das ruas os “vândalos” e “baderneiros” do movimento #NãoVaiTerCopa.

o Lulismo que antes já abandonara as ruas, por julgar não mais precisar delas, então não hesitou em reprimir as manifestações para garantir a Copa das Copas da FIFA.

Dilma é vaiada e xingada na cerimônia de abertura, num estádio lotados justamente com os setores médios da população mais conservadores e refratários a seu governo.

aquela foi uma Copa de ricos para ricos, disputada por uma seleção de milionários, patrocinados por empresas trans-nacionais, realizada por uma FIFA corrupta, auto-denominada como filantrópica mas auferindo lucros recordes, impondo leis inconstitucionais e tendo como resultado o Minerazo: o mais humilhante fiasco de todos os tempos do futebol brasileiro.

em 19/12/2013, o então ministro da Defesa, Celso Amorim assinou a portaria 3.461, para regulamentar o dispositivo de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sobre a utilização das Forças Armadas em situações de manutenção da segurança pública. a GLO também foi usada em diversas ocasiões, inclusive em grandes eventos, como a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada de 2016.

em 17/06/2016 a Lei Antiterrorismo (13.260/2016) é sancionada pela president@ Dilma Rousseff, um ex-guerrilheira.

 “Essa juventude que cresceu já dentro da era Lula não traz consigo mais nenhum resquício de esperança ou fé na esquerda, nos movimentos sociais tradicionais, no terceiro setor, nem muito menos em alguma melhoria proposta por qualquer esfera do poder estatal ou da iniciativa privada. Não confia na justiça ou na polícia, de quem são principal alvo desde o berço. A descrença absoluta levou a um, mesmo que involuntário e espontâneo, niilismo político. Essa total descrença nas instituições e na política institucional em si culminou em um tudo ou nada, ou melhor, em um nada a perder. Se nos foi tirada qualquer esperança de mudar o mundo, então sobrou apenas a esperança de destruí-lo.”

vídeo: Dilma Perdida no Tempo


vídeo: #NãoVaiTerCopa


Snowden e o tijolo que falta nos BRICS

ainda no contexto de Junho de 2013, é impossível não considerar o mega vazamento efetuado por Edward Snowden, revelando como a NSA espionava a Petrobrás, grandes empresas brasileiras e a própria Dilma Roussef.

em Hong Kong, Snowden passou as informações diretamente a um jornalista “brasileiro”: Glenn Greenwald. frise-se também que o destino preferido para asilo político por Snowden era o Brasil – evidentemente o país não oferecia a menor condição de independência e segurança para tal, o que demonstra o quanto a Ex-querda ficou aquém de sua missão no governo.

sem adotar as necessárias contra-medidas, cerca de três anos depois, na fatídica noite preparatória para o Golpeachment, em 16/03/2016, é divulgado que Dilma teve suas ligações novamente grampeadas. apesar dos avisos de Snowden, não se adotara o uso de linhas seguras criptografadas.

desde Junho de 2013 uma infinidade de grampos e delações premiadas produziram provas em demasia contra tudo e contra todos, fornecendo a munição necessária para a Lava Jato & Associados manter refém todo o 1% brasileiro, aniquilar com o sistema político, destruir a economia brasileira e colocar Lula e o PT de joelhos.

o Big Data capturara a plutocracia brasileira e suas principais empresas em seus terabytes de terabytes, para inviabilizar a permanência do Brasil nos BRICS e o surgimento de um mundo multipolar.

ficava provado não ser possível sermos um dos tijolos na construção do BRICS, apenas por um “cara” ser festejado como o “político mais popular da Terra”, sendo inviável chegar a ter sucesso no xadrez da geopolítica global com apertos de mão e tapinhas nas costas.

“Um homem que se dispões a fazer Reformas de Base, daquele tipo, reformas que levariam o Brasil em 30, 40 anos ao primeiro mundo; Um homem que se dispõe a enfrentar o Imperialismo, a doutrina do imperialismo americano; Quer dizer... Ele tem que se prevenir com as armas sim! Isto eu lamento muito! Foi um golpe fácil demais! Ninguém assumiu um comando, que seria o verdadeiro comando revolucionário! Ninguém...”
Ivan Cavalcante Proença,  no filme Os Militares que disseram NÃO”

vídeo: “Citzen Four” - Snowden em 2013


“CitzenFour” nunca foi apenas um mero “analista sênior” terceirizado, tendo como background a paradisíaca Havaí. um autêntico gênio da área de TI, coube a Snowden o alicerce fundador do monstruoso sistema de coleta 24x7 de informações operado pela NSA. a partir de então a guerra está em todos os lugares. o único lugar seguro é estar sempre em movimento.

o lugar do conflito armado coletivo progressivamente se dilatou do campo de batalha para a Terra inteira. da mesma forma, sua duração se estende agora até o infinito, sem declaração de guerra nem armistício. é por este motivo que os estrategistas contemporâneos destacam que a vitória moderna provém mais da conquista dos corações e mentes dos membros de uma população do que de seu território, ou mesmo de seus recursos naturais. o front em cada um e ninguém mais em cada front.

já não se trata de avistar colunas de blindados e localizar alvos potenciais, mas de compreender os meios sociais, os comportamentos, as psicologias. o único front que deve manter as forças nele empenhadas é o das populações.

- 05/06/2013: vazamento dos documentos de Edward Snowden;
- 01/09/2013: revelado que Dilma Roussef foi alvo de espionagem da NSA;
- 11/09/2013: revelado que NSA concedeu acesso a Israel de metadados e dados, inclusive de cidadãos norte-americanos;
- 17/09/2013: Dilma Roussef anuncia adiamento da visita de Estado que faria em outubro a Washington, em razão das denúncias de espionagem reveladas por Snowden;
- 24/09/2013: em discurso de abertura da  68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, Dilma Roussef  condena as ações de espionagem dos EUA no Brasil;

vídeo: “Snowden”, de Oliver Stone:



mesmo agora há algo vagando na encruzilhada de Junho de 2013. um fantasma assombrando o Brasil. muitas das perguntas da esfinge ficaram sem resposta e naquela encruzilhada algo ainda deve morrer.

em Junho de 2013, aquele Brasil que pensávamos tão bem conhecer fora estilhaçado. e como pedaços de espelhos partidos, os vários Brasis já não refletiam nenhuma identidade coletiva.

mas onde tudo termina, também algo renasce. após o fim de tudo, um novo recomeço, desde o início. a dura e inadiável tarefa de re-existir.

onde estávamos em Junho de 2013? onde estamos agora na luta contra o Golpeachment?

enquanto os necrófilos saboreiam seu banquete, somente os antropofágicos atravessarão o despenhadeiro das sombras. neste tempo de aniquilamento e ressurreição, a questão de todas as questões: tupi or not tupi?

para enfim decifrar o enigma de Junho de 2013, esta é a inédita encruzilhada histórica na qual nossa identidade como Povo e Nação será forjada. este é o intenso tempo do agora, no qual nos tornamos nossa própria esfinge: quem somos? o que queremos?

só a Antropofagia nos une! ou se devora ou se é devorado.

anexos:

vários coletivos produziram seus documentos de análise e autocrítica sobre Junho de 2013. alguns podem ser acessados em:









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Um comentário:

Gabrielle Corrêa disse...

LI, mas não encontrei, no seu argumento, o que justifica o fato de que junho de 2013 não foi um produto de operação de espectro total. Há estudos da geopolítica que explicam o fenômeno e há manuais militares que ensinam como deflagrá-lo. Pela existência de teoria e método já é forte indício de que as manifestações tenham sido engrenagem do golpe.

Aquém ou além dessas teorias e métodos está a produção desse fato na cidade em que eu morava à época, Anápolis/GO, com quase 400 mil habitantes. Cerca de 5 mil jovens foram para o bairro burga da cidade, muitos com cores da bandeira BR em seus corpos e empunhando cartazes escritos "vem pra rua", "abaixo a corrupção", "aumento do salário mínimo", "mais saúde", "mais segurança" e.... "redução da passagem de ônibus". Detalhe: o Ano de 2013 foi o auge de uma administração petista que contava com 92% de aprovação da população "mais feliz do Brasil" (segundo pesquisa do IPEA publicada, se não me engano no mesmo ano ou no seguinte). Estavam tão felizes que a manifestação "anapolina" de 2013 foi a mais festiva e pacífica do país, regada a muita breja e beijo na boca. Ao final, os burguinhas pegaram seus carros e foram terminar a balada nos bares, e os jovens pobres foram para o Terminal Urbano, pegar o busão e retornar para suas casas nos bairros periféricos.

Depois disso, em 2016 o PT perdeu a reeleição municipal para um empresário do ramo da educação e filiado ao PTB e Bolsonaro contou com 70% dos votos da população em 2018. Hoje a cidade está o caos, na educação, na saúde, na segurança, na infraestrutura, na cultura, no funcionalismo público municipal, com deterioração dos equipamentos públicos, empresas falindo, aumento do desemprego e ninguém sai às ruas para reivindicar absolutamente nada, nem mesmo a oposição ou sindicatos ou movimentos sociais, quiçá aqueles jovens da perifa, já q muitos não tem mais nem comida, quiçá 4,30 pilas pra ir até o bairro burga da cidade.

No dia 15 de março próximo as manifestações em apoio a nova ditadura, lá no bairro burga de Anápolis, talvez seja bem mais reduzida que a de 2013, sem a presença dos despossuídos de cidadania.

A ver...